Pular para o conteúdo principal

A cara gastronomia de Noronha

Ok. Já sei que quem vai para a Noronha, não quer exatamente fazer um tour gastrônomico. E também não venha com o argumento que o preço é caro pois estamos em uma ilha e tudo vem do continente. Peixe vem do mar e estávamos rodeados por ele. Então não se justifica cobrar um peixe assado na folha de bananeira R$ 150,00 servido com arroz e salada na beira da praia. E nem vamos falar das bebidas. Além da cerveja tabelada a R$ 10,00, a caipirinha vai de R$ 25,00 a R$50,00 e para cair para trás um Bloody Mary na Pousada do Zé Maria custava nada menos do R$ 69, 90. Isso mesmo! Suco de tomate a preço de dose de uísque 12 anos.
Então não tem muito escapatória. Tem aqueles truquinhos básicos de comprar água e biscoitos no supermercado e evitar ao máximo o frigobar da pousada. Pode-se apelar para uma tapioca, mas o valor é R$ 25,00 em média. Vale ressaltar que paga-se muito, mas na média come-se razoavelmente bem. E reserva, reserva, reserva... o jantar é cedo. Por volta das 20h. A vida noturna acaba às 22h e só dura mais para quem quiser encarar o forró no Bar do Cachorro.

O que experimentamos pela ordem de preferência:

1.  Cacimba Bistrô
Em frente ao Palácio, na Vila dos Remédios, tem um decoração praiana e um atendimento simpático. Como as pessoas que trabalham na ilha, moram em um paraíso, elas parecem sempre felizes e isso se reflete no ato de servir e atender os turistas. Fomos super bem tratados nos restaurantes, pousadas e operadoras, em geral. Aqui, o destaque é para o pastel de lagosta: tipo risolis recheado com a iguaria de comer de joelhos. O chefe é o mesmo do famoso Varanda's, Auricélio Romão. (R$ 150,00 por pessoa)



2. Palhoça da Colina
Tinho e sua esposa Jaqueline preparam um jantar delicioso com peixe na bananeira servido com arroz, salada, abóbora e farofa de pão. O ambiente é o quintal da casa deles com almofadas e esteiras no chão. O cliente deve trazer o vinho sem cobrança de rolha. "Seria inviável para mim cobrar o valor de revenda", comenta o dono. Nativo da ilha, passa a noite contando estórias e explicando os mistérios de Noronha para os seus hóspedes ( R$ 100,00 por pessoa)



3. Restaurante Pousada Maravilha
A pousada mais chique e famosa da ilha tem uma vista espetacular para a praia do Sueste. Fizemos apenas um aperitivo lá. A caipirinha de frutas vermelhas com manjericão é a melhor que já tomei. De entradinhas, optamos por acarajé descontruído e o trio maravilha com tartar de atum, ceviche e bolinho de bobó de camarão. Muito saborosos e bem-feitos. Aprecie bem o local, pois o serviço tende a ser demorado (R$150,00 por pessoa)



4. Festival Pousada do Vale
A pousada foi recentemente modelada e o lugar é muito bonito em meio a um jardim bem cuidado. Nas noites de quintas-feiras oferece um festival gastronômico variado servido em buffet com entradas, vários tipos de peixe e um cardápio enxuto de sobremesa. A chef Daphne Caixeiro acerta em cheio em não exagerar nem na quantidade e nem nos temperos. (R$ 150,00 por pessoa)



5. Festival Zé Maria
O mais famoso da ilha e nossa pior opção. É servido às quartas e sábados para um número muito grande pessoas. Apesar da abundância, a sensação é estar um rodízio em pleno Dia das Mães. Zé Maria é um personagem folclórico da Ilha e faz seu show apresentando os 40 pratos servidos. Vale experimentar o arroz de jaca e a farofa de pão velho. Tem uma paelha gigante, peixes assados, cozidos, bacalhau, sushi, bobó de camarão e por aí vai. Ele explica que detesta fila que paulista geralmente faz e que há um acordo com a cozinha que não pode faltar nada. O aviso é inútil. As filas se formam dado o volume de gente para atender. Na hora da sobremesa, a descrição dos pratos ficou por conta do filho, Tuca. Para finalizar a noite tem um desafinado karaokê. Os preços das bebidas são um assalto a mão armada. Um caipirinha custa R$ 50,00 e o bloody mary já citei lá em cima. Optamos por uma garrafa de vinho rosé a R$ 230,00. Mesmo reservando e pagando adiantado, corre-se o risco de ficar do lado de fora do restaurante e aí a luta por um lugar ao sol, ops, à mesa fica cada vez mais difícil. Programa a se evitar ainda mais se não quer pagar R$ 208,00 por pessoa fora bebida.
UPDATE: Na nossa segunda viagem a Noronha, a impressão melhorou. Fora de temporada, a quantidade de pessoas era menor. E no cardápio, havia os peixes pescados naquela manhã pela turma que estavámos acompanhando. O sashimi de merlim estava divino!

Mesa do jantar

Mesa de sobremesa


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pantalica: um cemitério incrustado em rochas

Visitar cemitérios faz parte de alguns roteiros turísticos como o Pere Lachaise em Paris que tem túmulos de pessoas famosas como Honoré de Balzac,  Maria Callas, Frédéric Chopin, Eugène Delacroix, Molière, Yves Montand, Jim Morrison e  Edith Piaf. Agora imagina um com mais de 5.000 tumbas datadas dos Séculos XIII ao VII a.C? Claro que não sabemos quem foi enterrado por lá, mas é uma passeio pelo pré-história visitar a Necrópole Rochosa de Pantalica. O nome deriva do grego πάνταλίθος = lugar das pedras ou do árabe buntarigah = lugar das cavernas, mostrando mais uma vez as influências na Sicília. Pantalica está localizada em um platô envolto por cânions formado pelos rios Anapo e Calcinara. Chegando lá dá para escolher duas trilhas distintas: uma mais longa e outra um pouco mais acessível. Pela Vale Anapo, a trilha tem cerca de 10km na antiga rota entre Siracusa e Vizzini.  A outra é ser feita pela Sella di Filiporto, começando da região de Ferla ou, pelo outro lado, em So...

Ceraudo: um oásis na Calabria profunda

A Calabria, no sul da Itália, não é um rota turística muito comum. Para nós, brasileiros, por causa da imigração, existe uma ligação maior dado o número de habitantes desta região que veio para cá nos séculos 19 e 20. Eu mesma tenho sangue calabrês em minhas veias por parte do meu avô paterno. O valor sentimental foi reforçado pelo casamento e por ter ido tanta vezes lá, por causa dos meus sogros. Esta viagem, a "descoberta" ficou por conta da Tenuta Ceraudo , na pequena Strongoli, vizinha a Crotone, cidade onde minha sogra ficou hospitalizada e acabou falecendo. O motivo, que não era um dos mais felizes, acabou se convertando em um dia de verdadeiro oásis em meio a uma propriedade lindíssima com oliveiras e vinhedos centenários, um restaraurante estrelado e uma família acolhedora. Sim, como manda a boa tradição italiana, a alma de um lugar corresponde a de seu dono. Neste caso, o nosso anfitrião Roberto. Ele poderia ter sido apenas mais um agricultor da região ou até se torn...

Faro di Bricoli: ir, amar e ficar

Na ponta de uma língua de terra que abriga uma antiga vila de pescadores, bem ao lado do castelo aragonês da rainha Giovanna, do século XV, existe um lugar único que cheira a mar, sol e Sicília: é o farol de Brucoli. Quem vê de longe, acha que é mais atração turística da pequena praia de veraneio - pequena mesmo. Mas só pode passar por aquele portão quem for se hospedar por lá. Sim, é possível dias deslumbrantes em um lugar inusitado como este. O " Faro di Brucoli " oferece aos seus hóspedes luxo, privacidade e uma experiência única. É mais uma daquelas tentativas do governos locais preservarem o patrimônio histórico e ainda ganhar dinheiro com impostos e concessões. Hoje, nas mãos de americanos, o local foi totalmente reformado por dois casais italianos com extremo bom gosto (sorte a nossa tê-los como amigos) mantendo ao máximo o aspecto original e claro, o funcionamento das luzes para sinalizar a costa aos navegantes. São 3 quartos amplos, sendo dois deles com banheiras de ...