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Mostrando postagens de 2017

Hiroshima: a cidade que renasceu para a paz

Era um dia quente de agosto, mais precisamente 6. O mundo enfrentava a Segunda Guerra Mundial que estava prestes a chegar ao fim. URSS e EUA estavam do mesmo lado, mas cada um cuidava de seus próprios interesses. E no meio deles, estava o Japão. E foi a cidade de Hiroshima escolhida para o primeiro uso de bomba atômica. O local do alvo tinha algumas premissas: deveria ter mais de 100 mil habitantes e nenhum americano como prisioneiro de guerra. Lá se foram 72 anos e mais de 140 mil vítimas depois daquele fatídico dia. Visitando a cidade em um lindo sábado de sol, só vem mesmo na cabeça a música de Gilberto Gil:"Como aquela grande explosão, uma bomba sobre o Japão, fez nascer o Japão da paz". Hiroshima conseguiu colocar toda aquele dor e destruição em monumentos espalhados no Parque da Paz e seguir em frente. Evidentemente é um soco no estômago ver a história contada pelo ponto de vista das vítimas no museu dedicado ao tema. Logo na entrada, uma simulação em 3 D mostra o e

Japão: como não amar este país?

O Japão foi um dos países mais sensacionais que já visitei e portanto super recomendado a quem está pensando em se aventurar do outro lado do mundo. Antes de arrumas as malas, ficam aqui 10 impressões/dicas e depois os links com as cidades que visitamos. 1. O Japão é um outro planeta. Livre-se que qualquer tipo de preconceito e prepare-se para entrar em um mundo civilizado com respeito as suas tradições e com o olhar voltado para o futuro. 2. A educação é real e altamente empregada por lá: bem-vindo, com licença e obrigada são palavras básicas. Aprenda a falar em japonês ou arrisque no inglês. Aliás muita gente fala inglês, mas muito com aquele sotaque incompreensível. Mas, uma coisa é certa, eles farão de tudo para ajudar. 3. Dependendo do seu tempo de viagem, escolha poucas cidades e reserve pelo menos uma semana para Tóquio. Nós acabamos fazendo uma viagem de japonês: aquela que chega faz foto e pronto. O que é bom que tem motivos de sobra para voltar. 4. Lixo: não há lata

Encontros e Desencontros em Tokyo

O famoso filme de Sofia Coppola, de 20013, foi assim traduzido em português. Talvez seu título original "Lost in Translation", literalmente "Perdidos na Tradução", seja mais perto da verdade de quem visita a capital japonesa pela primeira vez. Além do óbvio problema de idioma, ficamos perdidos, na verdade, por uma cultura diferente da ocidental pautada por regras de gentileza e de respeito ao outro muito longe da realidade brasileira.O que para eles é natural, para nós, é um exercício diário e constante de educação e disciplina. Tokyo vai além da sua arquitetura ora iluminada por neons, ora por prédios de um design absurdo, ora pelos templos, ora por suas construções antigas bem conservadas. O seu povo bem vestido, educado, andando com seu celular pelas ruas, a sua forma de organização, dá alma a cidade e faz cada bairro ter uma identidade bastante particular. Cinco dias na cidade não são suficientes para conhecer além da epiderme e alguns poucos bairros. Acredito

Comer, beber e ajoelhar

Esqueça o sushi e o sashimi. Abra bem a boca. Apure seu paladar.  Expanda a saliva com novos palatos. A culinária japonesa vai muita mais além do peixe cru e experimentar seus sabores nos milhares de restaurantes é mais uma forma de expandir os horizontes abertos em viagens de férias. Em Tokyo, há opções para todos os gostos e bolsos. Fomos desde os indicados pelo guia do Japão escrito pelo sushiman paulistano, Jun Sakamoto, até as comidinhas compradas em barraquinhas nas ruas e templos da cidade. E seguindo a linha "turistas são bem-vindos por aqui", eles facilitam a vida mostrando, nas entradas dos restaurantes, mockups dos pratos feitos em plástico e mantendo fotos nos cardápios. Então não tem erro. É só apontar e comer. Outro mito é que não se encontra os endereços dados. Mentira. Como o Google Maps e com a boa vontade dos japoneses, achamos tudo que procuramos mesmo estando escondido em andares dos edifícios. Tivemos até ajuda de um brasileiro que morava por lá. Uma

Uma viagem no tempo

Deixando para trás a imensidão e a modernidade de Tokyo, fomos mergulhar no Japão antigo. Partimos para a cidade de Takayma, incrustada em um vale  em torno do chamado Alpes Japoneses. Ali, ainda se vive da mesma forma do período Edo com a todas as casas mantendo a arquitetura daquela época. Além disso, as pessoas que moram lá mantêm também os antigos hábitos. A cidade vira fantasma depois das cinco da tarde e olha que chegamos lá para passar o fim de semana. Se este era mesmo o espírito, resolvemos experimentar ao máximo e nos hospedamos em um Ryokan. O Sumiyoshi  é gerido por uma família japonesa com um vocabulário reduzido de palavras em inglês. A reserva foi feita diretamente pelo site/e-mail e o pagamento é em dinheiro. A gentileza dos anfitrões supera qualquer problema com a língua. Entre gestos e sorrisos, entendemos perfeitamente onde eram os banheiros públicos - caso quisemos usar, sendo que o quarto que reservamos tinha um privado - os jardins e o esquema de funcionamento.

Shirakawa-go: cenário de filme

Distante 50 minutos de Takayama, fomos visitar a belíssima vila de Shirakawa-go que quer dizer rio branco. Na verdade, em fotos de inverno, o nome é bem condizente, pois as casas construídas há mais de 250 anos ficam cobertas de neve. O estilo da arquitetura conhecida como Gassho-zukuri tem os telhados em forma de mãos unidos pela prece e então, o cenário fica mesmo espetacular. Estivémos lá na primavera e então, podemos observar com muita clareza a forma de construção de madeira e com o telhado coberto por plantas de arroz, que são trocadas a cada cinco anos. Mesmo sendo tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco,  Shirakawa-go é uma vila de verdade, ou seja,  muita gente ainda mora naquelas casas e por isso apenas algumas estão abertas a visitação, outras se transformaram em lojas de presentes, hospedarias ou museus. As plantações de arroz e a fabricação de seda também fazem parte da economia local. Visitamos a Kanda House, uma das 114 casas  que fazem parte da vila e mont

Kyoto: capital cultural do Japão

Pensa em um lugar antigo. Kyoto foi fundada no século I, se tornando a capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868. Então, senta que lá vem estória. A ideia de colocá-la como centro político partiu de uma ordem do imperador que queria fugir do poder do clero budista. Só que não colou. A cidade conta com 1600 templos budistas e 400 locais de culto xintoísta. Na época da segunda guerra, entrou com um possível alvo da bomboa atômica que acabou sendo lançada em Hiroshima e Nagasaki. Os americanos não só pouparam a população como também as construções históricas e imperiais. Portanto,  é um local que merece pelo menos 5 dias para dar uma boa passeada. Nós ficamos só 3 e uma tarde ainda usamos para ir a Nara. Nesta pocket viagem, conhecemos 4 templos, a Vila Imperial e Gion, o bairro da gueixas e maikos, com bons restaurantes e ótimos pontos turísticos. 1. Gion Nossas amigas gueixas Logo que chegamos ao hotel Kyoto Royal Hotel & Spa , indaguei onde poderia v

Nara: o maior buda de bronze do mundo

A cidade de Nara fica a 50 km de Kyoto e antecedeu a cidade como capital do Japão entre 710 e 784,  sob o nome de Heijō-kyō. Nossa viagem até lá teve dois casos da delicadeza dos japoneses. Ao entrar no trem de Kyoto a Nara, teríamos de fazer uma baldeação. Perguntamos para duas ou três pessoas no vagão até encontrar uma turista indiana e um japonês que estava explicando qual a estação descer. Pegamos carona na conversa e descemos com eles. Ao perguntar se ele morava na cidade, nos informou que na verdade deveria descer 3 estações antes, mas resolveu nos acompanhar para ter certeza que estaríamos bem. Chegando em Nara e se dirigindo ao Centro Turístico, mais uma surpresa. Todas as pessoas - idosos a maioria - que trabalhavam lá, eram voluntários e até ofereciam além das dicas, acompanharmos como guia da cidade. Como tínhamos apenas uma tarde na cidade, optamos por seguir sozinhos e acelerar o passo. Mesmo assim de seis templos, conseguimos visitar dois. Começamos o tour de ônibus d

Naoshima: o Inhotim japonês

A abóbora mágica de Yayoi Kusama Como em um conto de fadas, uma abóbora mudou o destino de um ilha de 3 mil habitantes no Seto Inland, onde o mar do Japão encontra o Pacífico. Naoshima tinha como principal atividade econômica a pesca e o refino da materiais para indústrias coordenadas pela Mitsubishi. Isso mudou a partir dos anos 80, quando Soichiro Fukutake e a Benesse Corporation - voltada para a educação, se transvestiram de fada madrinha e resolveram transformar o local em um point da arte contemporânea a céu aberto e que tem como ícone uma abóbora gigante da artista japonesa Yayoi Kusama instalada no Porto Myanoura (tem outra na praia de Gotanji). Visão do Oval de Tado Ando Desde então, a vocação da ilha mudou e contaminou as vizinhas Teshima e Inujima. Para entrar neste reino encantado, a viagem é longa e cheia de baldeações. O trem parte de Okayama para Uno Port (com uma troca) e de lá pegar o ferry boat até Naoshima. E já que é para curtir o baile, a experência fica m