Pensa em um lugar antigo. Kyoto foi fundada no século I, se tornando a capital do Japão Imperial, sendo substituída por Tóquio em 1868. Então, senta que lá vem estória. A ideia de colocá-la como centro político partiu de uma ordem do imperador que queria fugir do poder do clero budista. Só que não colou. A cidade conta com 1600 templos budistas e 400 locais de culto xintoísta. Na época da segunda guerra, entrou com um possível alvo da bomboa atômica que acabou sendo lançada em Hiroshima e Nagasaki. Os americanos não só pouparam a população como também as construções históricas e imperiais. Portanto, é um local que merece pelo menos 5 dias para dar uma boa passeada. Nós ficamos só 3 e uma tarde ainda usamos para ir a Nara.
Nesta pocket viagem, conhecemos 4 templos, a Vila Imperial e Gion, o bairro da gueixas e maikos, com bons restaurantes e ótimos pontos turísticos.
1. Gion
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Nossas amigas gueixas |
Logo que chegamos ao hotel
Kyoto Royal Hotel & Spa, indaguei onde poderia ver as famosas gueixas. Ali já tomei uma aula para me livrar do preconceito. Não existe as "perigueixas" pelas ruas. Esse nome é dado as mulheres ricamente vestidas e maquiadas que servem para entreter o público e na maior parte das vezes, estão no teatro. As maikos, que são as aprendizes, essas atuam em casas de chá e em locais de entretenimento masculino. Pelas ruas do bairro, há cartazes com os preços cobrados pela companhia das gueixas e maikos citando claramente que os serviços sexuais não estão inclusos e não é bom de tom fazer qualquer tipo de proposta desta tipo. Elas caminham rapidamente e não gostam de fotos e nem perguntas. O máximo que dá é fazer fotos à distância. Mas, em compensação, tem jovens que se vestem com as roupas típicas e são super acessíveis para os turistas.
E já que a coisa é para turista ver, caimos o Gion Corner. É uma fundação pública para preservar a arte tradicional de Kyoto. No palco do teatro, passam pequenos esquetes mostrando o Chado, a cerimônia do chá, o som da harpa, o Kado ( arranjo de flores), a música da Corte Gagaku, o teatro cômico Kyogen, a dança Kyo-mai e a apresentação de bonecos Bunkaru. Com isso, se pode ter uma vaga noção da rica cultura da cidade, mas é só mesmo um gostinho.
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As gueixas dançando o Kyo-mai |
A arquitetura da Gionmachi Minamigawa, uma das principais vias do bairro, mantêm a tradição das casas de madeiras, com laternas de bronze e painéis de papéis. Essas casas serviam como "pousadas" para quem ia visitar o templo Kiyomizu-dera, um dos mais importantes de Kyoto.
2. Templos
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São 179 colunas sem nenhum prego |
Kiyomizu-dera tem como marca registrada ser uma construção enorme sem utilizar nenhum prego. O nome vem de uma cachoeira que brota nas montanhas onde está situado e quer dizer águas límpidas. Sob o salão principal está a cachoeira de Otowa, onde três canais de água caem em um lago. Segundo a tradição, os visitantes devem beber a água dos 3 sendo que cada uma representa uma coisa diferente: amor, saúde e prosperidade. Outra tradição mais maluca se refere ao período Edo que estabelecia que, se alguém sobrevivesse a um pulo de 13m da varanda, seu desejo seria realizado. Incrivéis 234 pulos foram registrados na época e desses, 85,4% sobreviveram. Atualmente, claro, prática é proibida.
Descendo a montanha em direção ao rio Kamogawa, passamos pela rua Matsubara com centenas de lojas de souvenirs, doces e sorvetes de chá verde (vale provar) e encontramos o
Yasui Kompira- gu, cuja a "atração" é uma rocha com um buraco estreito no meio. A proposta é passar por ela para quebrar as más conexões e voltar reconectando com as boas vibrações. O ritual todo consiste em ir a entrada principal do templo, escrever um pedido, passar no buraco e grudar o papel na rocha. Dizem que serve para quebrar hábitos ruins como o cigarro, o alcoolismo, o vício em jogo. Não usei para isso, mas nunca é demais pedir né? Dá que algum Buda desavisado resolve atender :)
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A vista do pavilhão dourado |
Ainda visitando os Monumentos Históricos da Antiga Quioto - conjunto de monumentos declarados Patrimônio Mundial da Unesco - fomos de ônibus para o outro lado da cidade, conhecer o
Rokuon-ji. Diante da simplicidade dos que tínhamos visto até agora, nos deparamos com um templo completamente dourado onde se encontra relíquias do Buda. Coberto com folhas de ouro de ponta a ponta, no telhado do pavilhão está uma fenghuang dourada (fênix chinesa), que está impressa nas notas de yen.
O último templo que visitamos talvez seja o mais impressionante pela grandiosidade e tamanho. O
Fushimi Inari Taisha fica aos pés do Monte Inari e se chega ali de metrô ou trem. Prepare-se para entrar no mundo do Avatar só que tingindo de vermelho, cor que representa a força da vida. O templo é dedicado ao deus da colheita e patrono dos negócios. Como forma de agradecimento ou de fazer um pedido, mais de 10 mil toriis estão espalhados nos 4 km quadrados da área do templo. Cada um deles, representa uma categoria isso deste 816...imagina a dificuldade em fazê-lo. O símbolo do local é a raposa que guarda em sua boca a chave do celeiro. Na comemoração do ano novo, o templo é palco do seu maior festival.
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Os corredores com os torii |
3. Vila e Palácio Imperial
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Visão da sala de audiências |
Deixando um pouco a religiosidade e caindo no pagão, visitamos as sedes da monarquia começando pelo
Palácio Imperial. A prédio mais antigo é de 794 e serviu como residência do imperador por mais de 500 anos. Hoje, é usado nas férias da família imperial ou em alguma cerimônia importante. Tendo como base a madeira, o complexo enfrentou alguns incêndios durante esse período de reinado e foi reconstruído diversas vezes. Na visita, passamos pelas salas de espera, pela de cerimônias, a do trono, de rituais, a de estudos e a casa do imperador, além do belo jardim Oikeniwa.
Vizinho dali, estão os
palácios Sento e o Omiya que foram construídos para os imperadores aposentados, os nobres anciões e também sofreram com o fogo sendo o que resta hoje não é nada original. De qualquer forma, para entrar lá só com visita guiada. Detalhe: a nossa foi inteira em japonês e não há como sair do roteiro. Os guardinhas ficam de olho em qualquer movimento em falso. Então, aproveitamos o tempo para aprimonar o nosso japonês. SQN! A guia nem tomava fôlego....então, o jeito foi rir e ler o folder em inglês. O que vale mesmo a visita são os jardins, criado pelo famoso artista da época, Kobori Enshu. São duas pequenas ilhas interligadas por um ponte criando paisagens geometricamente perfeitas com suas árvores - inclusive cerejeiras - plantas diversas e construções. Ao lado do lago, foram colocadas 111.0000 pedras ovais transportadas ao preço de um sho ( cerca de 0.5 galões de arroz). A casa de chá leva o nome de um poema do chinês Li Bo: Seikatei e está escrito em suas paredes.
Agora indo para o lado da força, o lugar é o Castelo Nijo-jo, residência dos xoguns da família Tokugawa. Eles era os caras que mandavam de fato no País. Fazendo um paralelo grosseiro, o imperador tipo a rainha da Inglaterra e os soguns, o parlamento que escolhia o primeiro-ministro. O legal desta visita é que as salas estão abertas e eles até "encenam" como eram as sessões, a posição de cada um, o porquê da arquitetura e o que representam as pinturas feitas em tecidos, nas paredes, portas e tetos das salas. O que vemos dentro são réplicas . As originai estão um prédio chamado The 400th Anniversary Gallery, dentro do complexo. Ao contrário da maioria das fortificações nipônicas, quase sempre instaladas em morros e colinas, o forte dos Tokugawa encontra-se numa planície no centro da cidade. Cobre uma área total de 275 000 m² das quais 8 000 m² são de construções. São dois palácios, o Palácio Ninomaru e o Honmaru, separados com grandes fossos e torres de observação e proteção criando dois círculos de segurança. Pelo jardins, vale gastar um tempinho admirando do Seiryu-en que une os estilos ocidentais e orientais criando um cenário único.
4. Restaurantes
Como nem só de cultura vive o homem, tínhamos que alimentar o corpo para aguentar essa maratona de visitas. Nos concentramos no entorno do hotel e em Gion para provarmos mais delícias da culinária japonesa. Ao longo do rio Kamogawa, conhecido com Pontocho, há dezenas de opções. Sim, dezenas. Além dos que ficam na margem, há edifícios repletos de restaurantes em todos os andares. Experimentamos o
Sushi Testsu Pontocho. Tem uma filinha na porta, mas foi a espera foi curta. O chef Sato era super animado e sua equipe muito gentil. Fomos experimentando vários sushis. Os melhores são os que ele usa o maçarico para dar uma defumada no peixe.
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Bancada do Steak House Pound |
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Bancada do Testu Sushi |
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Para a carne, escolhemos o
Steak House Pound e nos temos muuuuuuito bem. Como não tínhamos reserva, ficamos aguardando o chef nos autorizar a sentar na bancada. Enquanto isso, ele pedia desculpas a cada cinco minutos de não poder nos atender imediatamente. A questão era que ele prepara tudo na chapa em sua frente, estilo conhecido como yakiniku. São três tipos de menu desgustação e em todos eles se experimenta o jyukusei niku, um tipo de carne que fica pendurada em uma ambiente especial por 45 dias para ressaltar o sabor e textura.
Outra sugestão foi dada pelo chef Jun Sakamoto para provar o shabu shabu. Uma carne bem fininha cheia de gordura mas super macia que se cozinha no vapor na mesa junto com legumes e lamen. O restaurante
Junidan-Ya fica lá na rua principal de Gion que falamos acima. Tem várias salas em um ambiente meio rústico. É um comida mais pesada e serve para aquecer os dias mais frios.
Dica final: andar em Kyoto não é tão fácil assim...é uma cidade grande e os pontos turísticos estão espalhados em vários bairros distantes um do outro. Por isso, aproveite no fim do dia e entre em uma da casas de massagens que existe por lá. São em número igual de restaurantes. A massagem no pé deixa a turistada pronta para encarar o dia seguinte.
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