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Seis cidades cercadas de poesia


"Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenis
ir levado em teu peito, como tua espuma,
era um prazer; desde meus tempos infantis
divertir-me com as ondas dava-me alegria;" 

Os versos de Lord Byron reflete em o porquê da região de Cinque Terre e a sexta cidade, Porto Venere, na região da Liguria, da Itália, ser chamada de Golfo dos Poetas. O gótico poeta inglês escolheu Porto Venere como lugar de inspiração, mas, com certeza, não foi dali que surgiram seus versos sombrios. A cidade é uma das mais bonitas deste pequeno pedaço de terra declarado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade e foi a nossa porta de entrada para a visita de dois dias que fizemos por lá.  E foi pelo oceano que começamos a aventura saindo de Levanto. Vale lembrar que a outra boa base é La Spezia. As duas cidades, uma em cada ponta, são os pontos de partida pra conhecer Cinque Terre por barco e por trem. 


Chegando em Levanto, já embarcamos em outro barco para fazer um giro pelas ilhas de Palmaria, Tino e Tinetto. As três são de formação vulcânica e suas rochas paracem desenhadas em tons de verde e cinza de uma beleza única. De volta à cidade, visitamos os pontos turísticos principais como o Castelo Doria as igrejas se San Pietro e de San Lorenzo. O almoço foi no resturante Da Iseo, considerado uma dos melhores com uma ótima vista para a baía. O pedido, é claro, tem quem ser uma boa fritada de peixe e frutos do mar.

Embarcamos no barco novamente e paramos em RioMaggiore. Começando aí um sequência de vistas poéticas, cenários de cinema, casinhas coladas uma na outra, mas coloridas que formam um conjunto harmônico. Mais uma vez a sensação de que mesmo tendo a mesma geografia das favelas brasileiras, o que vimos subindo e descendo ladeiras estreitas são casas bem acabadas, com canteiros de flores e janelas bem cuidadas. 

Manarola e Corniglia são subdistritos de Rio Maggiore. Manarola é praticamente esculpida em rocha, sendo que é uma das características do Parque de Cinque Terre é ter sido construído pelo homem. O que de fato me fez questionar se algum dia, alguém teve esse ideia de juntar as cidades e transformá-las em um polo turístico. Mas, parece que isso aconteceu naturalmente.


Para visitar Corniglia, é necessário um preparo físico para encarar as escadarias tipo da igreja da Penha pois está situada em um alto do rochedo, O barco não para lá. O esquema é o trem e depois tem um ônibus para quem prefere conforto. 

Na verdade, CinqueTerre é ideal para quem gosta de fazer trilhas. É possivel conhecer todas as cidades a pé e esta é a opção de muitos viajantes. A questão é que estes caminhos são sempre pelas montanhas, o que os tornam mais longos e difícies. As antigas trilhas circundando a orla estão, na sua maioria, fechadas, incluindo a Via do Amor entre RioMaggiore e Manarola.  A explicação é que ninguém quer assumir a responsabilidade da reforma e, principalmente, de algum acidente durante e depois de pronta. Para jantar, paramos em Monterosso, e escolhemos o Miky. Um excelente menu degustação com uma apresentação dos pratos de comer com os olhos.

O segundo dia de viagem, optamos por nos dedicar apenas a Monterosso e Vernazza. As duas cidades foram atingidas por um temporal em 2011 e praticamente destruídas. Hoje, mal se vê as marcas deste desastre a não ser pelas fotos nas paredes dos estabelcimentos no estlio antes e depois. Os moradores dizem, com orgulho, que reconstruíram tudo sozinhos. Na parte culinária, almoçamo no Al Castelo, em Vernazza, com uma vista espetacular. No jantar, a opção foi a Trattoria Centro com uma generosa sopa de frutos do mar que parece a nossa moqueca. A nossa escolha de hospedagem foi um B&B super simpático: A Durmi. CinqueTerre é roteiro mais que obrigatório quando o destino for o norte da Itália.

Porto Venere
Porto Venere


RioMaggiore
Manarola


Corniglia


Monterosso

Vernazza
Levanto

I Durmi: a hospedagem de Levanto

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