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Pantalica: um cemitério incrustado em rochas

Visitar cemitérios faz parte de alguns roteiros turísticos como o Pere Lachaise em Paris que tem túmulos de pessoas famosas como Honoré de Balzac,  Maria Callas, Frédéric Chopin, Eugène Delacroix, Molière, Yves Montand, Jim Morrison e  Edith Piaf.

Agora imagina um com mais de 5.000 tumbas datadas dos Séculos XIII ao VII a.C? Claro que não sabemos quem foi enterrado por lá, mas é uma passeio pelo pré-história visitar a Necrópole Rochosa de Pantalica. O nome deriva do grego πάνταλίθος = lugar das pedras ou do árabe buntarigah = lugar das cavernas, mostrando mais uma vez as influências na Sicília.

Pantalica está localizada em um platô envolto por cânions formado pelos rios Anapo e Calcinara. Chegando lá dá para escolher duas trilhas distintas: uma mais longa e outra um pouco mais acessível. Pela Vale Anapo, a trilha tem cerca de 10km na antiga rota entre Siracusa e Vizzini.  A outra é ser feita pela Sella di Filiporto, começando da região de Ferla ou, pelo outro lado, em Sortino, que leva à Grotta dei Pipistrelli (Gruta do Morcego).

Os milhares de túmulos - buracos incrustados na rocha - estão divididos em 05 conjuntos. Dois deles são os mais antigos e cênicos: a do Norte com 1.500 túmulos e do Noroeste com 600. A paisagem é belissima e chegar até os rios é uma bom exercício com um contato íntimo com a natureza. Vale até gastar uns minutos para meditar sobre, claro, o sentido da vida :)








Pantalica foi incluída no Patrimônio Mundial da UNESCO juntamente com Siracusa, nosso próxima parada para o almoço. A escolha recaiu sobre o restaurante Siracusa Onda Blu. Fora cerca de 30 minutos da parte mais turística da cidade, a ilha de Ortigia, é frequentado mais pelos locais.

Isso porque na parte da frente funciona um entreposto que vende peixes e frutos do mar frescos, vinhos, pastas e temperos para preparar as refeições em casa. Mas se a ideia é comer lá mesmo, há um belo salão com a decoração marítima e os garçons de ternos brancos e gravatas.

Tendo esse fornecimento contínuo de matéria-prima, tudo é muito fresquinho. Pode até se dar ao luxo de escolher o peixe no balcão e pedir para prepará-lo no sal grosso, que será, posteriormente retirado e limpo pelo garçom já na mesa para servir.

As porções são bem generosas e o por isso o preço acaba sendo também um pouco alto, beirando a 100 euros a pessoa. E atenção, a cozinha fecha às 14h30 e os italianos neste ponto, são como ingleses: não toleram nem um minuto a mais e praticamente te expulsam do lugar.



Para o jantar, a opção foi muita mais requintada: o hotel Il San Conrado  em Noto. Uma antiga macellaria, que pertencia ao Príncipe Nicolaci foi totalmente reformada e se transformou em um Relais & Chateau mega chique.

São quartos absurdamente confortáveis e bem decorados, além de duas piscinas separadas e o acesso a praia com um lido próprio. Se por ventura,  o local inspirar um pedido de casamento, lá tem um igreja conservada do prédio original.

No restaurante, a pedida é pelo menu degustação. Então, já sabe: as porções são menores e mesmo calcada na culinária italiana tem toda aquela dose de invenciones com espumas, texturas e mistura de ingredientes  bastante particular. 

E aqui nem pense no preço... são cerca de 300 euros por pessoa e vale mesmo só se a data for muito especial.






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