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Mostrando postagens de 2023

Pantalica: um cemitério incrustado em rochas

Visitar cemitérios faz parte de alguns roteiros turísticos como o Pere Lachaise em Paris que tem túmulos de pessoas famosas como Honoré de Balzac,  Maria Callas, Frédéric Chopin, Eugène Delacroix, Molière, Yves Montand, Jim Morrison e  Edith Piaf. Agora imagina um com mais de 5.000 tumbas datadas dos Séculos XIII ao VII a.C? Claro que não sabemos quem foi enterrado por lá, mas é uma passeio pelo pré-história visitar a Necrópole Rochosa de Pantalica. O nome deriva do grego πάνταλίθος = lugar das pedras ou do árabe buntarigah = lugar das cavernas, mostrando mais uma vez as influências na Sicília. Pantalica está localizada em um platô envolto por cânions formado pelos rios Anapo e Calcinara. Chegando lá dá para escolher duas trilhas distintas: uma mais longa e outra um pouco mais acessível. Pela Vale Anapo, a trilha tem cerca de 10km na antiga rota entre Siracusa e Vizzini.  A outra é ser feita pela Sella di Filiporto, começando da região de Ferla ou, pelo outro lado, em Sortino, que lev

Faro di Bricoli: ir, amar e ficar

Na ponta de uma língua de terra que abriga uma antiga vila de pescadores, bem ao lado do castelo aragonês da rainha Giovanna, do século XV, existe um lugar único que cheira a mar, sol e Sicília: é o farol de Brucoli. Quem vê de longe, acha que é mais atração turística da pequena praia de veraneio - pequena mesmo. Mas só pode passar por aquele portão quem for se hospedar por lá. Sim, é possível dias deslumbrantes em um lugar inusitado como este. O " Faro di Brucoli " oferece aos seus hóspedes luxo, privacidade e uma experiência única. É mais uma daquelas tentativas do governos locais preservarem o patrimônio histórico e ainda ganhar dinheiro com impostos e concessões. Hoje, nas mãos de americanos, o local foi totalmente reformado por dois casais italianos com extremo bom gosto (sorte a nossa tê-los como amigos) mantendo ao máximo o aspecto original e claro, o funcionamento das luzes para sinalizar a costa aos navegantes. São 3 quartos amplos, sendo dois deles com banheiras de

Villa Del Casale: um retrato em mosaico da vida no campo

Uma outra parada obrigatória para quem gosta de testemunhar a história com os próprios olhos é a V illa del Casale que está no centro da Sicília, situada nos arredores de Piazza Armerina. O que mais impressiona no local, declarado Patrimônio da Humanidade em 1997, são mais de 3.500 metros de mosaicos praticamente intactos. O segredo da conservação foi a lama que cobriu a casa depois de um terremoto. Ainda hoje, pode se ver equipes de antropólogos com os rostos cobertos por máscaras, tentando limpar alguns dos 24 mil azulejos que decoram maravilhosamente os diferentes aposentos. A Villa tinha em torno de 60 ambientes, muitos voltados para a saúde e relax dos anfitriões e frequentadores. Havia dormitórios, fornos para esquentar as águas, sauna, locais de banhos, sala de massagens, salas de repouso, frigidário (banho frio), banheiros, aqueduto, etc. Dá para perceber a divisão entre uma área de lazer e uma mais privada, possivelmente, dedicada apenas aos moradores. Uma curiosidade: o banh

Segesta: esta é a vez da cultura grega ou do engana que eu gosto

A parada em Segesta consiste em conhecer o seu sítio arqueológico com vários monumentos ainda preservados. Os dois maiores são: o Monte Bárbaro com um castelo e teatro e o Templo.  Segesta teria sido fundada pelos sobreviventes da guerra de Troia, comandados por Eneas: antes de chegar em Roma, ele teria deixado uma grande colonia de cidadãos e seu próprio pai. Na Antiguidade Segesta permaneceu em perene conflito com Selinunte e se tornou uma cidade livre apenas com a chegada dos romanos. O templo é enorme e dá para se avistar de longe na estrada. A sua estrutura é levemente diferente dos templos gregos canônicos. É considerado de arquitetura dórica pois possui seis colunas na frente e catorze nas laterais, com um frontão em forma de triângulo. Sem uma estrutura interna e a sua presença em uma cidade não grega gera muita polêmica entre os estudiosos. Muitas aceitam a versão de obra inacabada. Outros acham que a intenção era mesmo o culto aso deuses gregos. Uma terceira versão, é que os

Erice: uma cidade medieval para não fazer nada

Quando se fala que na Sícilia encontramos de tudo, é a mais pura verdade. Sabe aqueles cidadezinhas lindinhas com ruas estreitas, casas floridas, pequenos bares e a sua população, geralmente, idosa, sentada na praça?  Aliás, a cidade tem o apelido  ‘Il Nullafacente’, em português algo como ‘quem não faz nada’. Então é isso, mas não é só. Erice foi palco de várias disputas e batalhas. O povo que habitava ali era o Elimo, que fundaram a cidade no século V a.C.; décadas mais tarde a cidade foi conquistada por árabes, romanos e normandos. E tem tudo lá: igrejas, castelo, lindos jardins e uma vista espetacular que em dias claros, dá para ver até a Tunísia, além montanhas de sal das ilhas vizinhas, Egadi, que são deslumbrantes. A igreja principal, o Duomo, fica ló na entrada da cidade e dá até para subir em suas torres se tiver disposição de encarar cerca de 200 degraus. Não é necessário por causa da vista, pois o melhor belvedere está mais acima no Giardino del Balio. Por ele, se alcança o