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Mostrando postagens de 2010

Feliz 2011!

Faz já 10 dias que estou longe de casa e há muitos posts a fazer sobre essa viagem ao sul da Itália. Mas, acabamos de chegar em Milão para passar o Reveillon com os amigos do Nato. Será um ano atípico. Ele aqui na sua terra depois de 10 anos de Brasil. Eu, em uma cidade sem praia e com uma temperatura média de 2 graus. O que temos certo é que queremos estar um com o outro como fizemos a um ano. Naquela noite na Bahia, não se pensava em como chegamos até aqui. Hoje perguntei para ele em que momento deixar de ser mais uma para ser a uma. Aquele que ele escolheu. O que construímos esse ano em torno do que chamo de Loving Plan com datas e etapas que fomos cumprindo de maneira muito particular. Ora encurtando o tempo, ora aumentando a distância. Agora, chegamos aqui. Um ponto final desta ponte aérea louca de Milão e São Paulo em busca de um porto seguro só nosso. Um novo começo. Como todo ano pede. Definitivamente uma mudança: de cidade, status, amigos, trabalho, etc. Um 2011 que foi criado

Festa de Natal

Este ano, pela primeira vez, passei o Natal longe de minha família. Escolhi vir a Itália com meu namorado por razões muito pessoais, mas também por uma certa curiosidade em conhecer um Natal da minha origem. Natal para os católicos tem sempre um significado de abundância, mesa farta, presentes e uma pouco de oração. Famílias se reúnem em torno da mesa, riem, brincam, debocham, brigam. Parece igual em qualquer parte do mundo. O jantar foi na casa de Zia Maria e Zio Angelo com um cardápio de peixe: bacalhau, pasta com vôngole, mariscos, alcachofra recheada. No almoço, na casa dos pais do Nato, uma mesa de carne. De todos os tipos, mas servidos uma a um como o costume daqui. Eles nao misturam como nós fazemos. Colocamos tudo de uma vez na mesa. Vem aos poucos e por isso, você nunca sabe o que e quanto comer. Confesso que senti uma falta enorme da minha família. Usei o Skype, mas não foi a mesma coisa. Em 2011, vamos procurar uma maneira de juntar todo mundo para brindar essa festa linda.

Tano passami l'olio

Guarde bem este nome. Este é um dos melhores restaurantes que já pisei na vida. Até passou a vontade de conhecer o Ferran Adriá. Tano é o apelido do chefe Gaetano Simonato. Simpático, atencioso, atento aos detalhes de cada prato. O resto do nome do restaurante é porque a base de sua cozinha é o azeite de oliva. De todos os tipos de qualidades. Uma viagem pela Itália por esse fio de óleo finíssimo: Calabria, Sicilia, Piemonte, Toscana e por aí vai. Texturas, cores e cheiros diferentes. Todos saborosos e especiais. Se não bastasse isso, Tano prepara pratos com uma mistura perfeita de doce, salgado, pimenta, açúcar, texturas e sabores que se combinam harmoniosamente. Brinco que com esse nome, ele traduz em música notas para o paladar que são ímpares. O restaurante foi aberto em 1995, fica no famoso bairro Navigli e tem apenas 7 mesas, em um um total de 26 lugares que garante a atenção 100% do dono. No menu degustação, foram 8 pratos incluindo pão com azeite e uma sobremesa fantástica. O

Natal a dois

Adoro Natal! É uma festa linda e mesmo com todo o consumismo ( que também adoro), esse espírito mais fraterno, mais solidário, mais caloroso, acaba gerando uma onda super positiva para que a gente comece bem o ano. E Natal é acima de tudo uma festa em família. A minha sempre foi regada a muita comida, risada e sempre alguém vestido de papai noel tentando enganar as crianças. Minha sobrinha Victoria já perguntou: "O Paulo vai se vestir de Papai Noel este ano?" É assim que esta noite mágica rola depois claro da ida obrigatória a Missa do Galo. Este ano, depois de um longo dilema, escolhi vir a a Itália. Deixei minha família para entrar definitavemente em uma nova família que sempre me acolheu de braços abertos. A voz do sr Giuseppe ontem no telefone quando falei "sono arrivata" me deixou muito feliz. Será a oportunidade de conhecer uma nova forma de comemorar essa data tão querida. De partilhar bons sentimentos com novas pessoas. De estar ao lado do homem que escolhi

O valor da amizade

A amizade pode ter nomes, origens e significados distintos em culturas diferentes. Na verdade, essa relação que a gente vai formando ao longo da vida tem um valor maior do que qualquer outra pois é feita de escolha. A gente escolhe como e quando vai se relacionar, se vai ou não cultivar,  se relacionar, ampliar o círculo, mudar o círculo, reduzir o grupo, fazer networking. As amizades aparecem em determinadas épocas da vida, somem, reaparecem, pemanecem, perpetuam, são descartadas ou guardadas em nosso coração como um vulcão adormecido. Aquelas verdadeiras sempre ficarão na lembrança mesmo que a distância. É bom quando você ouve falar, encontra novamente, lê uma nota no Facebook. Aquela sensação boa sempre ressurge e um leve sorriso aparece em nosso rosto. Amizade não pede licença, não passa nota fiscal, não manda recado, não cobra. Tem  sempre uma palavra amiga, uma risada e até uma cara emburrada quando você acha que está errada.Fala na bucha. Não tem meias palavras. Pois o princípio

Butterflies in the stomach

Falando em frio na barriga, lembrei desta expressão em inglês que descreve essa sensação na boca do estômago. Eu tenho uma íntima relação com borboletas. Acho que me trazem sorte e também me lembram a todo momento como estamos sempre em processo de transformação. Muitas vezes, temos de nos recolher, entrar no casulo, ficar bem quietinha, depois sofrer dor de tentar abrir as asas naquele ambiente apertado, ir aos poucos se mostrando para finalmente, voar e mostrar sua beleza mundo afora. Esse sintoma físico, descrito por esse voo dentro da nossa barriga,  resulta do aumento da adrenalina no corpo que provoca uma alteração do fluxo do sangue do estômago para os músculos e  acaba reduzindo a fome. Na verdade, eu não tenho nenhuma vontade de comer. Só quero saber de pão. Não sei se é efeito desta ansiedade. Para ser um pouco mais exata, é como se, aos poucos, a ficha está caindo e vou me dando conta de todas essas novas mudanças que vem por aí. A questão ainda é que está em um estado de su

Como coloro che stanno sospesi

O título acima é um trecho do Inferno da Divina Commedia de Dante Alighieri, um dos clássico da literatura italiana. É uma frase de um email que recebi descrevendo uma situação de suspense e de ansiedade que estamos vivendo. A situação não é nenhum inferno, não. Todas as saídas são boas. Mas o que temos poucas e fortes certezas como é em geral  na vida de todo mundo. Por exemplo, a certeza da morte apesar de vivermos a maior parte do tempo com a sensação que somos imortais. Mas isso é assunto para outro post. O que quero falar aqui é que direcionamos a nossa vida a dois em cima da uma certeza: queremos estar juntos fisicamente o mais breve possível. Agora em que lugar do planeta poderá ser isso? As opções são muitas e com isso, vamos montando o quebra-cabeça do seu destino. Tentar conciliar casa, trabalho e expectativas em um só pacote, tem se tornado uma conta eterna de soma daqui, tira dali, multiplica acolá. Ficar no Brasil representa estar em um economia crescente com ótimas oportu

Um jantar dos deuses

A cozinha italiana é uma fonte inesgostável de ingredientes surpreendentes. Se de um lado, há uma simplicidade do molho de tomate e ervas de outro, há o cultuado tartufo bianco. Uma iguaria que já citei aqui quando estive na Itália em outubro. Agora, o meu namorado trouxe bem embaladinho, os fiscais da receita não sentiram o cheiro e tivemos um jantar dos deuses com meus primos Andrei e Fátima. Os antipastos foram queijo parmesão, salame e bruschetta. A entrada teve carpaccio com tartufo e uma opcão com queijo. O primeiro prato pasta com pesto, batata e vagem. Meu querido chef caprichou. E a peça de resistência, ovo com muuuuuuuito tartufi ralado. De sobremesa, peras com vinho. Aliás, o vinho era uma Amarone safra 2001. Perfeito. Mais um momento que só um expert, amigos e descontração  podem criar.

As cidades do bem viver

O Globo Repórter apresentou um programa sobre as cidades do bem viver na Itália. Este é um estilo de vida que os italianos estão querendo exportar para o mundo e levantar ainda mais a bandeira do "dolce far niente". Para receber o título do movimento, a cidade em questão tem de promover 55 metas estabelecidas que visam o bem estar da população. São atitudes simples como incentivar a produção local e a venda dos produtos produzidos na própria cidade, andar de bicicleta no lugar do carro, administrar melhor seu tempo, aproveitar cada momento para apreciar a comida, a bebida, a conversa com os amigos. A ideia nasceu na praça de Greve In Chianti, uma das cidades mais bonitas da Toscana. Considerada a capital da região do Chianti Classico, um dos tipos de vinho mais famosos da Itália, a cidade de 12 mil habitantes vem recebendo muitos turistas estrangeiros nas ultimas décadas e cresceu muito economicamente. Ainda assim, conseguiu manter a sua arquitetura e preservar a qualida

O fanatismo do futebol

Futebol aqui e na Itália é uma paixão nacional. Já falei  dos dois times de coração: do Corinthians e da Internazionale. Foi uma super emoção ver um jogo no San Siro, mas nada se compara acompanhar o Timão no Pacaembu. O estádio é muito menor, mais aconchegante e a torcida gritando, cantando, empurrando o time. A vitória em 2 x 0 para o Vasco ainda é pouco para ganhar o Campeonato Brasileiro. O que vale foi todo o entorno. O programa foi familiar: eu, meu pai, Ana Lúcia, Malu, João Francisco e Mário. O garoto entrou no campo com dezenas de outras crianças. Pegou na mão do Bruno César. Tirou foto com os jogadores. Vimos ainda o Ronaldo no vestiário. Gritamos até ficarmos roucos. Tomamos sorvete. Xingamos o juiz. Meu pai que frequenta o estádio e o Corinthians há mais de 30 anos abriu essas portas e me fez reviver os ótimos momentos da minha infância e adolescência nos campos de futebol por esse Brasil afora. Enfim, uma tarde de catarse e felicidade que só o futebol pode proporcionar sej

A guerra travada no Rio de Janeiro

Díficil ter uma opinião formada em um problema com tantas nuances como a questão do tráfico e dos traficantes no Rio. Díficil também não se manifestar em um momento como esse. E mais díficil ainda é lidar com esse sentimento ambígo que envolve guerra em uma País dito pacífico. Mas não tem jeito: o problema só se resolve quando se começa a encarar de frente. E é isso que a polícia está fazendo. Dando a cara para bater e, infelizmente, morrer. Já foram 49 vidas em uma semana e sabe-se  lá qual será o saldo final desta batalha. Agora com a tomada da Vila Cruzeiro, o território está delimitado. O complexo do Alemão será o nosso Haiti. A decretação da prisão dos advogados de Marcinho VP que supostamente trouxe os bilhetes que ordenavam os ataques aos ônibus que desencaderam essas ações, lembra a prática italiana conhecida como pizzini. Meu namorado me contou que foi inventada pelo o mafioso Bernardo Provenzano, que escondido por mais de 30 anos usava esse recurso para se comunicar com seus

A generosidade de Caetano Veloso

Estou muito cansada depois de um dia de trabalho longo. Mas ainda inebriada pelo show do Caetano Veloso e da Maria Gadu ontem à noite no Vila Funchal. O Caetano é um capítulo à parte em minha vida. Ele tem permeado meus sonhos, minhas conquistas, meus desejos e aqui e ali nossas vidas vão se tocando. Da forma de fã para ídolo. Na de amigo. Na de desconhecida. Ele tem um poder que exerce pelo seu talento ms não imagina os pequenos detalhes. Cheguei a namorar um cara porque ele se parecia com o Caetano. Em meu casamento, lá estava ele na trilha sonora cantando "Eu sei que vou te amar". O nome do meu cachorro é uma singela homenagem.  Com o show, ele mostrou mais uma vez a sua versatibilidade e sua generosidade. Ele está sempre perto de jovens talentos como Gadu ou a banda Cê e de Zii e Zie. Faz show e parcerias ecléticas como Jorge Mautner, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Gil. Canta em inglês, espanhol, italiano. Sua voz, com o passar dos anos, tem ficado mais aveludada e co

Senna: uma paixão mundial

Ayrton Senna sempre será o melhor piloto de todos os tempos. Ponto e basta. Pode vir Schumacher, Hamilton, Vettel, nada e ninguém superará o talento, o carisma, a inteligência e acima de tudo o caráter dele.  O filme "Senna" resgata cenas fantásticas desta história singular. Me fez lembrar do porquê que eu gostava tanto de F'órmula Um. De como eu trabalhei produzindo um programa que se chamava Pit Stop e todas as corridas de domingo com um quarteto fantátisco: Marcello D'Angelo, Mário Andrada e Silva, Mair Penna Neto e Jan Balder. Foram manhãs de domingo memoráveis e ver o filme, lembrar daquelas provas, como o GP do Brasil que estávamos todos lá, me trouxe boas recordações. Fiquei bem impressionada com as cenas registradas. Cada detalhe, cada diálogo, cada olhar, reforçando o duelo Prost e Senna, mostrando o gênio de Piquet, a timidez de Barichello e os fatos que marcaram aquele fim de semana trágico. Quatro acidentes, duas mortes. Estava tudo errado com aquele espor

Brigadeiro é irresistível

Ontem, levei minha amiga Roberta no Capim Santo para que ela experimentasse um pouco mais da comida brasileira. Abrimos o almoço com uma tradicional tapioca que ela não achou a menor graça. Eu, particularmente, adoro. Ela gostou demais do ambiente, das jabuticabas, da carne seca. Esses ingredientes tão brasileiros encantam qualquer um que tem o prazer de experimentar. Nós, por causa, da proximidade da culinária italiana, já nos acostumamos com a pasta, o tomate, o manjericão, o azeite, o vinho. Há ainda um vasto universo degustativo ainda a ser descoberto em cada visita que faço por lá. Mas não chega ao estranhamento deles diante de um caju, de um queijo coalho, de um acarajé bem temperado. Tive mais uma prova disso na hora da sobremesa, quando experimentamos os brigadeiros tradicional, de pistache e de castanha do Pará. Mesmo com medo de engordar, não tem jeito mesmo, é impossível não gostar e não comer mais e mais. Aqui sete receitas de brigadeiro para fazer e se esbaldar.

Felicidade é sim um estado de espírito

A gente sempre aprende a se conformar com menos. Estamos cansados de ouvir que não há felicidade, mas só momentos felizes. Que sempre quando a gente está feliz, acontece alguma coisa. Que na verdade, a felicidade é algo que só devemos almejar, mas nunca efetivamente ter. Pois bem! Essa regra foi devidamente quebrada este ano. Um sensação de bem estar que toma conta de mim ao amanhecer, um sorrisso que nasce no meio do dia, uma tranquilidade na volta para cansa, uma paz constante, fazem parte do meu cotidiano. Fui aprendendo com os italianos, aliás, o mérito é de "um italiano" ( o meu!!!) do prazer de viver a vida a cada minuto. Do olhar feliz frente a um bom prato de massa. Da risada gostosa depois de alguns copos de vinhos. Do bem vestir. Da boa conversa. Da forma de levar a vida leve, gostosa, engraçada. O que posso dizer é que eu aprendi a aceitar a ser feliz. Esse italiano me faz feliz. E não importa onde estivermos, é esse sentimento que quero perpetuar em minha vida.

Vedendo, facendo

Se existe uma frase que permeiou nosso relacionamento durante esses 11 meses, foi essa. Vamos vendo e fazendo. A cautela estava presente dos dois lados desde o primeiro dia. Da minha parte, por medo de sofrer mais um tombo, ficava pondo limites taxando o encontro como "farra de reveillon", "amor de verão", "fantasia de carnaval". Ele, que sempre veio ao Brasil atrás de mulheres, ao me encontrar, também achava que seria mais uma aventura. Nos planos iniciais de uma viagem aqui, outra lá, muitas coisas mudaram. Ele acabou vindo muito mais para o Brasil do que eu para a Itália. O que não mudou era que esperaríamos até o final do ano para saber se iria ou não vingar. Vingou. Estamos juntos, queremos estar juntos e estamos nos preparando, agora fisicamente, para continuarmos juntos. Colocando baixas expectativas, vivendo sempre o presente, aproveitando cada minuto no Skype, na minha casa, na casa dele, conseguimos deixar isso mais leve, mais feliz e mais fácil

Design brasileiro em Milão

Já tinha comentando sobre a exposição dos irmãos Campana em Milão. Agora quem estará no Salão Internacional do Móvel são os paraibanos Sérgio Matos e Anny Isabelle de Araújo Ramalho. Eles apresentam  o banco Ianomâmi, peça de inspiração étnica que valoriza a identidade brasileira, vencedora da 1ª edição do Prêmio Sebrae Minas Design, em 2009. Ele ficará exposto no Salone Satellite, um dos pavilhões da feira, dedicado aos jovens designers.O banco é feito de aço, madeira compensada laminada com madeira natural, vime e couro.Lindinho de tudo! Aqui em São Paulo, é comercializado pela Amazônia Fibras Naturais, loja especializada na venda de produtos sustentáveis, do ponto de vista ambiental. Dá o maior orgulhao ver esses trabalhos na terra do design!

A importância da família

A família italiana tem bases muito sólidas e a sua formação, manutenção e criação são defendidas fortemente. Mesmo com o nascimento de novas famílias com o advento do divórcio e a aceitação do homosexualismo, a preservação de um núcleo familiar e seu envolvimento com os novos membros é intenso. E coração de mãe italiana só não é maior do que o coração de mãe judia. As famílias brasileiras de origem italiana conservam esse traço de generosidade, afeto e confiança. A minha, pelo menos é assim. Sempre cabe mais um. E a do meu namorado, sempre cabe mais 10. Desde o primeiro encontro, os nossos pais receberam um a outro de braços abertos e os quatro também se deram super bem. Esses dias de vários aniversários, foi uma troca de carinho por todos os lados. Ontem, foi aniversário da tia Clara, que também fez 70 anos, mandei um pequeno presente e gentilmente ela ligou para agradecer. Aquilo me comoveu demais. De novo, desde que esse relacionamento iniciou, a cada dia aumenta o sentimento de per

Aniversário triplo

A semana começou com muitas comemorações. Do outro lado do Atlântico, minha sogra e o Sérgio, primo do Nato, adotado por mim no primeiro dia que nos conhecemos, fizeram aniversário dia 31 de outubro e ontem, dia 3, foi a vez da minha mãe. Saímos para jantar em um restaurante italiano com uma comida de primeira. Rolou massa, peixe, vinho, muita conversa em tom acima da média e risadas. Nato tinha comprado uma Veuve Clicquot Rosé que foi aberta na hora do bola. Enquanto comíamos aqui, lá, o Sérgio também promoveu um jantar regado a bebida e a jazz. Para ficar bem diferente, exigiu que todos fossem de black tie. Smoking em jantar de quarta-feira só mesmo em Milão. Aqui, nossa informalidade e clima pedem roupas mais casuais, sem perder a elegância das nossas raízes italianas. Um brinde à aniversariante!

A visão de uma italiana no Jardins

Roberta é nova hostess do restaurante Serafina . Eu a conheci em Pietrasanta há duas semanas e ela chegou agora sem falar nenhuma palavra em português. Os donos acham que isso pode ser uma boa maneira de fazer PR. A semana que vem, a cidade estará cheia de turistas por causa da Fórmula Um e a Ferrari vai promover uma festa lá. Até aí , ok. Ontem, jantamos com ela e escutamos as suas primeiras impressões. Além da dificuldade natural com a língua, ela ainda está achando tudo engraçado, comentou que estranhava porque as pessoas se vestiam todas iguais. Os homens basicamente de camisas polos listradas e as meninas de vestidos curtos pretos. Isso é mesmo uma verdade, pois estamos falando de um nicho do nicho. Só fico preocupada com a imagem que ela vai construir do Brasil levando em conta estar em São Paulo, nos Jardins, em um lugar considerado fashion, ou seja, um retrato de 0,0001% da população brasileira que sim : se vestem iguais, tem os mesmo carros, fazem as mesmas viagens de férias

Caetano: um cachorro demais

Caetano esse fim de semana protagonizou cenas de ciúmes e de encantamento. Muita gente fala que o cachorro fica com o jeito da dona. Bem o meu é cara e focinho! No sábado de manhã, quando o Nato chegou, ele subiu para o quarto. Pedi, chamei , implorei para que ele descesse. O cachorro parecia uma estátua. Não se mexia por nada. O Nato teve que descer para que ele o acompanhasse. Depois, deixamos o portãozinho aberto e ele, educadamente ou com raiva, não fez nenhum movimento para subir. Ontem, na casa da Sofia, Caetano resolveu dar uma de Clô, conhecer o Jardim América e fugiu por baixo do portão. O segurança trouxe de volta. A bronca que levou em italiano foi engraçadissima. Mas, ele entendeu tudinho e ficou murchinho do meu lado. À noite, para provocar, assaltou o armário e roubou sabe o que? Os dois marrons-glacês que eu ainda tinha guardado. Eu queria matar o bichinho que desta vez foi salvo pela risada gostosa do Nato. Esses dois fazem a minha vida muito mais feliz!

Mais um fim de semana se foi

Essa visita foi rápida e intensa como sempre. Namorar à distância pode signficar longos dias sem se ver ou também encontros relâmpagos para matar a saudade. E aí vem a ambiguidade. Fico feliz de ele estar aqui e triste porque vai embora. Acho que é uma loucura vir ao Brasil ficar dois dias, mas adorei passar o fim de semana com ele. Temos que viver a nossa vida "normal" e ao mesmo tempo dedicar-se inteiramente a ele. Fazer dieta ou saborear uma picanha pois é o prato preferido dele. Chorar de saudade e de felicidade. Se despedir no aeroporto e já esperar por dezembro. Cada vez mais, estamos ligados. Guardo comigo até dia 04, o sorriso maroto, o bom humor, o cuidado, a graça e o carinho. Sempre faço um pequeno estoque desses pequenos gestos até o próximo encontro. O que posso dizer é que eu e Caetano, vamos sentir muito, muito a sua falta. Volta logo, italiano!

Loucuras de amor

Namorar à distância requer alguns ajustes de horário por causa do fuso, de paciência por ter que esperar o próximo encontro, de fazer contas para ver se dá para comprar uma nova passagem e pede  ainda uma boa dose de despojamento e até loucura. Faz menos de uma semana que voltei da Itália e amanhã, meu namorado já está em solo brasileiro. Que delícia! Nunca ficamos tão pouco tempo separados. Nem deu para bater aquela saudade enorme! Os motivos além da vontade ficar juntos são dois: feriado por lá também e a comemoração dos 70 anos da minha mãe. Tipo parte da família mesmo. Ontem recebemos nosso primeiro convite de casamento com o nome do casal. E foi assim que me senti. Que quando, mesmo longe, conseguimos sedimentar com atenção, o carinho e atração que temos, nasce um relacionamento forte que acaba superando todas as barreiras. Ele vai dormir duas noites no avião e duas noites aqui. Como já havia feito isso em outras ocasiões, ter alguém fazendo agora por mim, só me torna a mulher mai

Vida de cigano em Roma

Slideshow do jornal Washington Post  mostra instantâneos de comunidades ciganas em Milão e Roma, num momento em que os governos italiano e francês adotam medidas de tolerância zero contra imigrantes como eles. Vida de ilegal não é fácil em nenhum país. Par nós, que temos toda a documentação já é difícil a adaptação por causa da cultura, comida, clima, imagine nessas condições

O amor é lindo!

Júlio César é idolatrado em Milão. Cada defesa no Internazionale é uma festa da tifosi. Aqui ele recebe uma homenagem da sua mulher, Suzana Werner, em um dos programas mais famosos da tv italiana, o Chiambretti Night.

Sistema de multas italiano

O trânsito nas cidades italianas sempre foi caótico e a imagem que a gente vê em filmes é retrato fiel do que acontece nas ruas. Não é por falta de educação, multas ou fiscalização. Diria que é parte do cárater deles xingar, estacionar em qualquer lugar, não obedecer faixas e sinais. Meu namorado não foge ao estilo e é um stress ser passageira dele. Na autoestrada, então, nem se fala. A regra é simples. Pista com duas faixas: velocidade máxima permitida 110 km por hora. De três faixas ou mais: 130 km. Vai dizer que isso é pra lá de bom quando se está no volante de uma Ferrari, um Porsche, uma BMW ou qualquer outro carro que com uma aceleradinha chega aos 200 km por hora ? Para conter um pouco essa fúria, a Polícia Rodoviária de lá instalou um sistema conhecido como Tutor. Funciona assim: você passa por um radar e o carro é fotografado. Quilomêtros à frente, um novo radar registra de novo a sua passagem e calcula o tempo entre um ponto ao outro. Se está acima da velocidade média, você é

O Santa Luiza de lá

Não sei se posso dizer se o Peck é o Santa Luzia de Milão ou o Santa Luzia é o Peck de São Paulo. Acho que o segundo é mais verdadeiro. Guardada as devidas proporções, o Peck é um templo de comida, cheiro, sabor e requinte do que há de melhor dos ingredientes italianos....então,  por isso eles já tem uma vantagem competitiva enorme. Dá para ficar de água na boca só de olhar no site. São aqueles balcões enormes, cheios de queijos, massas frescas, carnes, molhos, doces. É aquilo tudo que o olho vê, mas nem sempre o dinheiro pode comprar. 50g do tartufo branco, por exemplo, sai por 216 euros... A seção de azeites é dividida por regiões e há ainda os aromatizados de tartufo, sálvia, manjericão, alecrim. No segundo andar, vive o deus Baco com uma adega enorme de vinhos tintos, brancos, espumantes com uma quantidade de safra e vínicolas de todo mundo. Detalhe: quem mora na Europa pode comprar on-line e receber tudo em casa. Que luxo!

Solidariedade brasileira

Eu tenho uma sorte na vida: viajo com um passagem da TAM que é oferecida aos funcionários e familiares que dá um descontão, mas você só viaja se tiver lugar livre. Venho aproveitando disto sem nenhum problema, até está volta ao Brasil. Esperei por cinco dias para embarcar em Malpensa e quando comprei uma passagem normal, finalmente, embarcaram todos os que estavam na fila. Era uma grupo de 15 pessoas que por causa desta situação, acabou criando laços fortes de solidariedade. Cada um contava sua história, tentava ajudar com um hotel, um táxi, um biscoito. Todos torciam uns pelos outros. Não tinha um clima de que vou tentar passar na sua frente, dar um jeitinho brasileiro. Esperamos juntos divindido a nossa tensão, nossos medos, nossos problemas. Claro que sempre um outro fica um pouco mais irritado, reclama, mas sabem  as regras do benefício. Meu namorado já era parte do time, contando piada, fazendo graça, sempre cuidando de todo.  Eu, por mais que a situação era ruim por causa do trab

O outono em Milão

Os dias em Milão tem sido belíssimos. Com sol brilhando o tempo todo e a calefação já ligada o que deixa todos os ambientes absurdamente confortáveis. É uma delícia caminhar pelas ruas com as árvores cujo tons vão do dourado ao vermelho. A cidade em si já tem uma cor de terracota e cinza. Estes tons sóbrios das construções acabam se misturando com a luz e a cor da natureza outonal criando um ambiente único. Devo confesssar que por causa também desta cor única, fico , às vezes, confusa, em me localizar pois os pontos de referência me parecem todos iguais. Ontem, teve um daqueles "tramonto" (por do sol) que misturava o vermelho do entardecer com o preto da noite chegando que foi de tirar o fôlego. A noite, a lua brilhava com uma auréola ao seu redor. Perfeito para um jantar à dois. Pena que de despedida. Ficamos agora com o encanto desses dias mágicos.

É tempo de tartufo

Uma das maiores iguarias da culinária italiana já está no cardápio dos restaurante por aqui: o tartufo branco. Sua colheita que é feita tradicionalmente por porcos ou cães farejadores começa agora no outono. Os bons mesmos vem da região de Alba e só são colhidos em novembro. Os desta temporada, há uma brincadeira que é apenas para os milaneses e turistas que pagam qualquer coisa para comer um prato com tartufo. Os melhores são o taglioni e o ovo. Quando mais fino se corta a fatia, mas o cheiro exala no ar e inibria quem está por perto. No restaurante Boeucc, havia uma mesa ao lado, com 4 senhoras árabes que escolheram tartufo. Juro que dava vontade de roubar o prato. Eu comi no Aquarius e, se estender minha temporada por aqui, vou repetir hoje de novo. Mas o engraçado, é que os outros tipos de cogumelos são também muito saborosos, preparados, às vezes, só no azeite e sal e muito mais em conta. Nas feiras daqui, há barracas especializadas em fughi porcini, por exemplo. Olha essas amostr

Um restaurante clássico de Milão

Quando se fala de tradição por aqui tudo tem mais de 100 anos. Neste caso, mas de 300. O restaurante Boeucc é uma entidade se tratando de gastronomia em Milão. Ao lado do famoso Teatro Scala, em suas mesas já sentaram os principais maestros e compositores como Verdi e Donizetti. Na casa em frente vivia o escritor e poeta  Manzoni. Passando de geração a geração, tem um serviço impecável com uma comida de primeira. Eu me servi do tradicional risoto a milanesa com ossobuco. De sobremesa, figo da índia e o melhor tiramisú do mundo. Vamos combinar que é tudo muito pomposo, cheio de homens de negócios, mulheres penduradas em jóias, um decoração um pouco kitsch e tudo mais. A conta também é salgada. Compare a uma do Fasano. Mas a sensação de estar em um lugar com tanta história para contar, realmente não tem preço. Agora, uma referência. As portas deste templo foram abertas pelo primo Sérgio. Grazie!

Milano Design Weekend: compras e exposição

Começa hoje e vai até domingo, o Milano Design Weekend que reúne em toda a cidade as lojas de decoração, móveis, design, visitas a museus e outras atividades culturais sob o tema "A arte de viver". O evento está baseado em quatro pilares: comprar, participar, visitar e descobrir. Os passos são os seguintes: 1) todas as lojas que participam oferecem produtos de design com desconto de até 30%. 2) Comprando em 10 delas + a visita ao Museu, o consumidor ganha um carimbo no Design Card econcorre a uma viagem a Paris. 3) O cartão dá direito entrada grátis ao Triennale Design Museum e ainda desconto a mostra dos brasileiros Fernando e Humberto Campanha e de Marco Ferreri. 4) Por fim, há uma rota chamada Milano Segreta que percorre os bairros mais charmosos da cidade - Brera e San Babila - para conhecer os estúdios de arquitetura e design, os hotéis-boutique e o Case Museo (quatro casas históricas que viraram museus interligados). Como bom gosto aqui na Itália vem do berço, mas

O olho do dono engorda o gado

Esse ditado tem sido cada vez mais verdadeiro na Itália ainda mais quando se fala em negócios e restaurantes. Estive em dois deles, onde os donos estão o tempo todo atentos ao salão e a cozinha e isso faz toda a diferença. O Aquarius era uma tabacaria em que Mimo e sua mulher transformaram em restaurante espaço - que preserva uma área para fumantes e serve um tartufo de primeira. Para agradar a clientela, ele põe música brasileria, fala inglês com outro freguês, dá uma chocolate para uma criança. Isso tudo coordenando a sua equipe e fazendo o troco no caixa. Já o La Latteria, é um pouco mais tradicional. Arturo, Maria e Marco, respectivamente pai, mãe e filho cuidam dos oito mesas do restaurante na Via Marco, 24, também em Milão. O lugar vendia leite antigamente. Agora, cozinhando apenas em panelas de prata para tirar a acidez dos produtos que levam fertilizantes químicos está Arturo. Servindo, recomendando a pasta e explicando que a cada dia há um cardápio diferente, está Maria.

Marrom glacê é divino!

Hoje é dia de comer uma das maravilhas da culinária italiana: tartufo. Mas, antes tenho de prestar uma reverência uma doce maravilhoso de origem também daqui: o Marrom-Glacê. Eu sempre fui apaixonda por esse doce, principalmente o do Gilli, em Firenze. E desta vez, conheci a dona que contou com a história desta iguaria é antiga. A origem é do Império Romano onde as castanhas eram cozidas e mergulhadas em mel.  De tão saborosos, ganharam um  lugar na poesia. Foi o doce saboreado pela bela Amarílis, personagem de Bucólicas,  obra do poeta latino Virgílio, entre os séculos 42 e 39 a. C. Mas a receita atual teria surgido  em Turim, no fim do século 16, na corte dos Savoia, antiga e poderosa família feudal da qual fazia parte Vittorio Emanuele II, o rei que unificou a Itália em 1861. Por que motivo, então, foi batizada de marrom glacê pois os Savoia acham o francês mais chic. Em italiano, deveria chamar-se de marrone candito. Poucas castanhas terão a honra de se tornar g

Sua casa fora de casa

Enquanto o pessoal está desmontando as barracas em Itu e voltando para casa, a minha dica é para uma nova forma de hospedagem que tem se tornado comum aqui na Itália. É uma mistura que reúne os serviços de um 5 estrelas, a informalidade de um apartamento alugado e o charme dos hotéis-boutique com a intenção de lhe fazer sentir em casa. Em Roma, vizinho a Via Condotti, a menos de três minutos da Piazza di Spagna, se encontra o Crossing Condotti – Rooms in Rome. São 5 apartamentos decorados com móveis de antiquário, uma cozinha comum com café e refrigerante à vontade e a atenção do Marco e o Franscesco que faz as reservas nos restaurantes mais cobiçados da cidade, manda buscar suas compras, arruma ticktes e chama um táxi – acredite, isso é essencial em uma cidade como aquela – com uma presteza e atenção únicas. O casal de proprietário, Alf e Carlotta escolherem, pessoalmente, cada o objeto, cor, lençóis, para tornar o ambiente acolhedor e tem planos de levar essa experiência para Venezi

Italianos são de lua

Os homens podem ser de Marte, com certeza, os italianos são de lua. Isso se a aplica a uma característica levada ao extremo por aqui: a teimosia. E nessas horas, adeus a racionalidade, o argumento, a estratégia. Nada entra na cabeça dura de um homem da Itália. Se a mistura for ainda sicialiano, calabrês e milanês, sai de baixo. Olhem só que engraçado. Fomos a um restaurante perto da Fontana di Trevi. Ao chegar lá, meu namorado perguntou a um policial onde seria a Trattoria Al Moro e o cara ensinou errado. Andamos um pouco e voltamos a fonte. E aí, ele perguntou de novo para o mesmo policial que antes havia dado a informação incorreta. Desta vez, ele deu uma outra direção e terminou dizendo: poder ir a direita ou a esquerda. Só pude concluir: ele acredita mesmo que todos os caminhos levam à Roma. Depois do jantar, fizemos uma passeio: Pantheon, Piazza Navona, Campo di Fiori - um praça lotada de bêbados e música alta que não combina em nada com Roma. Daí começou a chover. Tínhamos que

Seis cidades, três dias, muitos sabores

Pronto! Já estou do outro lado do oceano e neste momento na casa do meu namorado em Milão. Fiz uma corrida contra o tempo, a lógica e o bom-senso percorrendo seis cidades em três dias e passando por dezenas de outras nesta paisagem de filme que é a Itália. Quem olha o mapa, dá a impressão de que tudo é pertinho. Ledo engano, cruzar de norte a sul e de leste a oeste é um passeio e tanto, mas deve ser feito por etapas e dias de folga para poder saborear cada momento. Como eu condensei tudo, faço agora uma geral e depois escrevo com mais calma. Cheguei em Malpensa na sexta-feira, às 13h30. Dirigimos cerca de três horas até PietraSanta, uma cidade que respira arte e se mostra como uma galeria a céu aberto. Nos hospedamos no Locanda Pietrasantese e jantamos no Il Vignaccio Osteria ambos estabelecimentos do mesmo dono, o simpático Michele. No dia seguinte, uma passagem por Forti di Marmi, um lugar de praia com várias tendas e uma feira "hippie" que só vende Armani, Gucci, Prada. O

Aeroporto me deixa tensa

Não sei quantas vezes já fui para o aeroporto, mas sempre é uma situação desconfortável. Fico apreensiva com o trânsito na Marginal, se vou checar atrasada, se o vôo está atrasado, se o cara da revista vai ser legal e não ficar vasculhando minha bolsa, se ao chegar, na migração mesmo com passaporte italiano, ele comece a fazer mil perguntas. É tanto se. E agora, viajando com esse bilhete da TAM que tenho porque minha sobrinha é aeromoça, a maior incerteza é SE vou embarcar ou não. Já que só entro no avião se sobrar lugar. Nunca fiquei em terra, mas dá um frio na barriga toda vez que eu entro na fila e começo a ouvir estórias e mais estórias que não ajudam muito. Agora mesmo diz que há 40 passageiros querendo voltar de Milão e nada. No fim dá tudo certo, vale a dor de estômago. E de avião, eu não tenho nenhum medo. Entro, me ajeito, tomo um remédio, acordo próximo da aterrisagem, lavo rosto, passo um pouco de maquiagem e pronto. Sei que do outro lado da porta tem um italiano com um rama

As diferenças do norte e do sul

Assim como aqui em no Brasil, corre aquela rivalidade e tiração de sarro entre o sul e o nordeste, entre paulistas e cariocas, na Itália a brincadeira é entre o norte - evoluído, rico, educado e o sul - mafiosos, terrones, ingênuos. Nestas fotos, uma comprovação de que todo a brincadeira tem um pingo de verdade. Fácil achar o destinatário :) De novo: cópia dos morros cariocas Igual ao Brasil. Deve ser uma homenagem Provocação pura para deixar meu namorado com raiva Esse mereceu por estacionar em vaga para deficientes Xii! Máfia à vista!

Semana de moda em Milão

Se aqui em São Paulo, quando rola Fashion Week já é um alvoroço, imagine em uma das principais capitais da moda da Europa. Na época de desfiles, Milão que já é um show de elegância e estilo no dia a dia, vira uma verdadeira vitrine ambulante. Fashionistas se misturam aos italianos exibicionistas e o caldo que sai disso é de encher os olhos. Nos restaurantes e clubes, uma revoada de modelos que riem e se divertem com as deliciosas cantadas dos milaneses. Nas passarelas, as grifes mais tradicionais D&G, Armani, Cavalli, Gucci nos vislumbram com objetos de desejo que logo, logo, estarão nas lojas. No site FF Fashion Foward, é possível assistir aos principais desfiles. Da ousadia de Miuccia Prada que coloriu o verão 2011, o romantismo em preto e branco de Dolce & Gabanna com o tema "Sicilianitá, Sartorialitá e Sensualitá" com rendas delicadíssimas e o delicioso passeio pelos tons do mar da Femme Bleu criado pelo amado Armani. Vai lá!

Botticelli visto por meio de uma lupa

A tecnologia tem nos proporcionado momentos únicos de descobrimento da arte, do cinema, da fotografia e acima de tudo do prazer de ler. A brincadeira agora é ver os quadros de Boticelli, Caravaggio, Leonardo da Vinci, expostas na Galeria Uffizi na tela do computador e em imagens de alta resolução. Com um clique do mouse, aproxima-se o rosto da Vênus de Milo , no famoso quadro "O nascimento da Vênus", pode se observar os detalhes da sua face, as rachaduras da pintura, o tom de loiro do seu cabelo. Em “A Anunciação , de da Vinci, nota-se as pinceladas que formam o mar ao fundo e o delicado tecido por baixo da Bíblia. O trabalho minucioso é da Haltadefinizione, empresas situada no norte da Itália, que produz imagens de pinturas para publicações especiais e para exibições multimídia de museus. Para este trabalho, foram feitas milhares de fotos pequenas em uma resolução de 28 bilhões de pixels, 3 mil vezes maior do que a de uma câmera digital convencional. Um presente para os

Preparativos para a viagem

No famoso livro "Pequeno Príncipe", o menino pergunta a raposa: A que horas você vem amanhã? - Por que você quer saber? - Porque se sei que você virá as cinco, desde as três já fico feliz com a espera. É assim que sempre me sinto quando se aproxima o dia de embarcar para a Itália ou dele chegar ao Brasil. A felicidade e a ansiedade tomam conta de mim a quatro dias da viagem. E acabo ocupando meu tempo com aquele dia de beleza completo: unha, depilação, reflexo no cabelo. Já tinha feito um regiminho básico, mas agora com a dieta por causa do siso, vou chegar sequinha para poder me esbaldar na massa e no vinho. Quanto a mala, é uma tira e põe de roupa. Olho metereologia sem parar. Passei muito frio em maio por lá. Aí escolhi roupas de meia estação, com direito a dois shortinhos para a viagem de Roma e Firenze. Sempre fico com um frio na barriga se tudo vai dar certo, se vou embarcar, se o avião não vai atrasar. Ai, ai, ai...tá chegando a hora. Milão, aí vamos nós!

Olho nas eleições

Hoje, enquanto votamos aqui no Brasil, na Itália rola uma manifestação contra o Berlusconi. Como o maior colônia italiana fora do País está aqui no Brasil, há muitos cidadões com dupla cidadania como eu. Isso é interessantes porque dá direito a voto nos dois países. Eu nunca usei desta prerrogativa apesar de receber todas às vezes que houve eleição, recebi os documentos necessários para enviar meu voto via correio. Gosto desta oportunidade, mas acho que voto é coisa séria. A gente tem de ter o mínimo de conhecimento da situação política, dos partidos, dos candidatos para votar conscientemente. Como é facultativo, acabo deixando para lá. Aqui, fico procurando sempre fazer do meu voto, uma bandeira do que penso e do que gostaria para o Brasil. Foi o que fiz hoje. Espero só que tenhamos a chance de segundo turno para que as pessoas possam enxergar como a Dilma é o Pitta que o Lula inventou.

Comer rezar amar

O filme do best seller de Elisabeth Gilbert estreou esse fim de semana com sessões lotadas. A que eu estava, tinha muitos casas mais velhos que, com certeza, já tinha se encantando com o livro. Julia Roberts se mostrou mais uma vez uma excelente atriz, além de uma beleza estonteante tal qual Javier Bardem - que arrancou suspiros das moças do platéia. Eu já li os dois livros de Gilbert. O último, "Comprometida", fala dos arranjos para continuar vivendo a sua história de amor com o brasileiro Felipe. Gosto muito do jeito direto, claro e divertido que ela escreve e isso foi traduzido bem no filme. No meu caso, os três verbos do título estão sendo vividos de uma só vez e no país com primeiro. A Itália realmente me proporcionou voltar as atenções para o paladar, o fio de azeite que faz toda a diferença, o manjericão fresco,  as texturas do queijo, as massas diversas, mas acima de tudo o prazer de comer que se estende a vida. Meu namorado personifica o amor pela vida, o deslumbrame

Doí tudo

Essa história de namoro à distância, tem seu lado bom de matar a saudades, de não criar rotina, de sempre ter a sensação do primeiro encontro. Por outro lado, naquelas horas inesperadas que você precisa de um colo, daquele mal estar no meio da noite, de uma dor de dente, de uma ânsia, aí você se vira de lado e pronto: é você com você mesma. Não é uma sensação de abandono, porque a atenção vem em forma de um email, de um telefonema, do cuidado da sogra que é médica e faz consulta via internet :), mas falta o acolhimento. Aquele abraço para se aconchegar, aquela pergunta se está tudo bem, aquele pedido para pegar o remédio. Eu passei por um sequência sem fim de doencinhas: virose, gripe, intoxicação, extração de dente, infecção urinária. Tipo uma atrás da outra. Aliás, a intoxicação foi resultado da mistura de tantos remédios. A conexão italiana estava sempre presente. Mas não tem jeito. Você aprende a ficar mais forte, a chorar sozinha e cuidar de mim mesma. Minha médica disse que tudo

Granita em São Paulo

Em maio, estive visitando o sul da Itália e fui na cidade natal do meu namorado, Messina. Lá conheci uma das diversas delícias da culinária italiana: a granita. Para tentar explicar, eles comparam com uma raspadinha, mas a consistência é muito mais cremosa, quase um sorbet. Digo que vem de lá a inspiração para os famosos espumones do Ferran Adriá. Comi em toda a minha estada, diversos sabores e com uma combinação com brioche, é sensacional. Ontem, conheci aqui em São Paulo, o restaurante Biondi do ator Caco Ciocler e Bruno Previato que está em regime de soft opening e tem no cardápio um versão deliciosa de uma sobremesa com granita de limão siciliano em uma base de frutas vermelhas. O chef é o italiano Rodolfo de Santis que acabou mudando para o Brasil por causa de uma brasiliana (conheço essa história!). Ele e Bruno trabalharam no La Pergola , o três estrelas Michelin de Roma sob a batura de Heinz Beck. Já vou fazer uma reserva para jantar lá na próxima semana. Por enquanto, ficamo

Frequencia sexual

Ontem, o programa Happy Hour, no GNT que sempre traz discussões saborosas, elevou a temperatura com o tema: Frequencia Sexual. Isso em cima daquela máxima que com o tempo, principalmente entre os casados, o sexo esfria e acaba aquela paixão inicial de todo dia/toda hora. Eu sempre fui contra isso...mas as minhas amigas casadas garantem que é verdadeira. Então, consideremos que seja a voz da experiência. Uma das sugestões dadas era marcar dia e hora para o rala e rola. Aí apareceu uma entrevista que tem um namorado que - olha a coincidência - mora na Itália e que se vêem a cada 4 meses. Já ajoelhei e agradeci a Deus pois vivendo a mesma situação, o máximo que ficamos separados foram longos 50 dias e juramos que nunca mais. Essa questão sexual acaba pesando muito no namoro à distância, sim. Eu brinco que quando estamos juntos, aproveitamos bem e eu faço uma reserva para os dias de secura. Se é que dá para fazer isso...pelo menos é uma forma de compensação. Cybersexo não faz parte do noss

Sou louco por ti, Corinthians!

O time mais popular do Brasil está completando 100 anos e o "parabéns" pode ser cantado em italiano, pois foi fundado como uma equipe de futebol no dia 1º de setembro de 1910 por um grupo de operários oriundi do bairro do Bom Retiro. Inicialmente, o time não tinha um nome definido, mas várias sugestões diferenciadas: a primeira foi Santos Dumont, em homenagem ao criador do avião; a outra foi Carlos Gomes, em homenagem aos italianos do bairro, já que o maestro escrevia suas óperas em italiano. Por fim, o nome escolhido foi inspirado no Corinthian FC de Londres, que excursionava pelo Brasil. Ganhou um s pois aquela turma não tinha ideia o que era plural em inglês. Por sua origem humilde, Corinthians acabou agregando não só uma massa torcedora apenas imigrantes de uma só nacionalidade, mas de diferentes lugares, principalmente da Europa. Pode-se ver isto por alguns jogadores que passaram pelo clube nos primeiros anos, como o espanhol Casemiro Gonzales; o português Horácio Coel

Ilha de Panaréa no Mediterrâneo

  No sul da Itália, existe um conjunto de ilhas conhecidas como Ilhas Eolie que são destinos de turistas e italianos na temporada de verão que se iniciou em primeiro de junho. Uma das mais charmosas, pequenas e cheia de badalação é a ilha de Panaréa , um pequeno pedaço de terra de 3,4 Km onde se encontra restaurantes, hotéis e bares de primeirissíma qualidade regada a hospidalidade ímpar. O Hotel Cincotta é o mais antigo e foi fundado pelo médico residente do vilarejo que previu o potencial turístico da região. O mar é de um azul claríssimo. E no final do dia,  o aperitivo fica por conta do Bar Raya que também abriga a única discoteca da cidade. Além de helicóptero, a única maneira de se chegar lá em pelo mar. A maioria atraca com a sua própria embarcação. Há um serviço de barco conhecido com aliscafo que liga ao continente e todas as ilhas vizinhas. A viagem é longa, mas vale muito a pena se programar para conhecer esse paraíso no Mediterâneo.