Pular para o conteúdo principal

Scilla: se for a Calábria, passe por lá

Quem estudou um pouquinho de literatura grega, sabe da importância do poema Ilíada escrito por Homero que narra um período da famosa Guerra de Tróia. Em uma de suas passagens, um dos personagens, Ulisses, atravessa o hoje conhecido Estreito de Mesina e tem que se esquivar de dois perigos: a monstruosa Cila e o voraz Caríbdis.

Só pela sonoridade já dá para perceber de onde vem o nome desta pequena província que fica a 23 quilômetros de Reggio Calabria. Scilla se situa em uma encosta de rochas que em italiano se escreve  “scoglio”, junte tudo isso e pronto. Temos aí o nome deste charmoso lugar que junta praia, bons restaurantes e até um Castelo, o Ruffo.

Para chegar lá , se usa a autoestrada A3 ou a estação de trem na parada de San Giovanni. Aliás é nesta vila que está o AltaFiumara Resort e Spa. O hotel tem uma vista bellíssima, com direito a um por do sol de cair o queixo. Lá também tem um castelo onde se realiza eventos e casamentos com um suíte presidencial que é um verdadeiro luxo para a lua de mel. Se o mood não é para tanto, dá para ficar na área conhecida como Giardino que tem ótimos quartos com bastante privacidade. Tire uma manhã para fazer o circuito das águas no Notos Beauty Farm. O SPA oferece banho turco, massagem com argila, hidromassagem, duchas diversas e banheiras revigorantes.

A vista do quarto do hotel
  

Para o jantar, a sugestão é ir para um outro bairro encantador de Scilla: a pequena vila de pescadores Piana delle Galee, ou Chianalea, nome de uma antiga embarcação e sinônimo arcaico de peixe espada. E este é o prato principal de dois restaurantes que experimentamos lá: o Antrois é logo na entrada, logo após o porto do lado direito sem vista para o mar, mas vale pelo cardápio repleto de opções de peixe e frutos do mar fresquíssimos. Experimente o crudo de scampi.

Especialidade do Antrois


O outro, uma opção mais romântica, é o Il Casato que fica já literalmente sobre o mar. Passando pelo belo salão de arcos, encontra-se a varanda que avança praia adentro. Ambiente perfeito para uma noite estrelada de verão. Bons pratos e um ótima carta de vinho encerram a experiência que esta pequena cidade da Calabria oferece.

Vista da varanda do Il Casato


Não é a toa que ela foi escolhida com o oitavo ponto turístico mais bonito da Itália pelo programa turistico Kilimangiaro. Anote a dica para o próximo roteiro no sul da bota.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pantalica: um cemitério incrustado em rochas

Visitar cemitérios faz parte de alguns roteiros turísticos como o Pere Lachaise em Paris que tem túmulos de pessoas famosas como Honoré de Balzac,  Maria Callas, Frédéric Chopin, Eugène Delacroix, Molière, Yves Montand, Jim Morrison e  Edith Piaf. Agora imagina um com mais de 5.000 tumbas datadas dos Séculos XIII ao VII a.C? Claro que não sabemos quem foi enterrado por lá, mas é uma passeio pelo pré-história visitar a Necrópole Rochosa de Pantalica. O nome deriva do grego πάνταλίθος = lugar das pedras ou do árabe buntarigah = lugar das cavernas, mostrando mais uma vez as influências na Sicília. Pantalica está localizada em um platô envolto por cânions formado pelos rios Anapo e Calcinara. Chegando lá dá para escolher duas trilhas distintas: uma mais longa e outra um pouco mais acessível. Pela Vale Anapo, a trilha tem cerca de 10km na antiga rota entre Siracusa e Vizzini.  A outra é ser feita pela Sella di Filiporto, começando da região de Ferla ou, pelo outro lado, em Sortino, que lev

Segesta: esta é a vez da cultura grega ou do engana que eu gosto

A parada em Segesta consiste em conhecer o seu sítio arqueológico com vários monumentos ainda preservados. Os dois maiores são: o Monte Bárbaro com um castelo e teatro e o Templo.  Segesta teria sido fundada pelos sobreviventes da guerra de Troia, comandados por Eneas: antes de chegar em Roma, ele teria deixado uma grande colonia de cidadãos e seu próprio pai. Na Antiguidade Segesta permaneceu em perene conflito com Selinunte e se tornou uma cidade livre apenas com a chegada dos romanos. O templo é enorme e dá para se avistar de longe na estrada. A sua estrutura é levemente diferente dos templos gregos canônicos. É considerado de arquitetura dórica pois possui seis colunas na frente e catorze nas laterais, com um frontão em forma de triângulo. Sem uma estrutura interna e a sua presença em uma cidade não grega gera muita polêmica entre os estudiosos. Muitas aceitam a versão de obra inacabada. Outros acham que a intenção era mesmo o culto aso deuses gregos. Uma terceira versão, é que os

Positano: porquê o mundo é assim?

Falando em tecnologia e arquitetura, ao chegar em Positano e ver aquele lugar realmente especial e lindo construído sobre um morro me perguntei o tempo todo: porquê com a mesma geografia, o mesmo homem pode criar uma cidade como aquela e ao mesmo tempo as favelas no Rio de Janeiro? O que faz termos nas mesmas condições de terreno, soluções tão diferentes? Talvez seja o frio. Mas Positano está na Costiera Almafitana, na Campania, onde nem é tão frio. O tamanho pode ser a desculpa. A cidade italiana tem 8 km, bem maior que o Pavão-Pavãozinho que vejo da minha janela. Construída entre os séculos 16 e 17,  foi habitada por australianos e era até um povoado pobre até ser descoberta como ponto turístico e cenários de filmes como "Only you", "Sob o sol da Toscana", " O talentoso Mr. Ripley". Aqui, tudo é mais sem cor,  sem charme e o que aparece no cinema, são as cenas de violência. Deveríamos importar esse tipo de cultura e pensamento. Uma dica: ao chegar de car