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E o que se faz na Itália? Mangia che te fa bene

 Depois do longo período de pandemia, finalmente, voltamos para a Itália para uma viagem de um mês entre compromissos profissionais e férias. Neste período, fizemos um tour curto pela Toscana,  uma mais longo pela Sícilia e passamos por Milão e Roma. Houve destinos escolhidos tão somente por causa de uma restaurante específico. 

Brinco que se você quer puxar conversa com um italiano, há três caminhos: perguntar o que está comendo, o que comeu no dia anterior e o como será a próxima refeição. Estão garantidas horas de um bom papo com detalhes de temperos, pontos de carne, ingredientes fresco, proveniência dos produtos, e claro, uma quantidade infinita de comparações sobre este ou aquele prato; esta ou aquela região;  o melhor e o pior lugar para comer deterninada pasta...e detalhe, o mesmo se aplica a escolha dos vinhos: uvas, tenutas, temperatura, safra, preços, até a "beleza" do rótulo conta ponto. 

Posto isto, vou listando aqui os restaurantes que visitamos usando como critério um paramêtro bem simples: gostei e não gostei :) no papel de crítica gastrônomica "mor" a mim atribuído com uma vasta quilometragem de estrelados a bares de beira de estrada e casada com um verdadeiro "chef", esse sim PHD da área. 

Começo com a primeira parada: Clinica Gastronomica Arnaldo. Este se enquadra na categoria ir na cidade só por causa do restaurante. Afinal, Rubiera é uma pequena cidade perto de Bolonha e Modena cuja a atração turística é um calcadão de 200 metros que dá na Igreja (Duomo) e a praça principal.

Faz parte do "complexo" do restaurante o hotel Aquila D´Oro, um três estrelas honesto para servir de descanso após o almoço ou pernoitar se a opção for pelo jantar.

Como fomos parar lá? Convencidos de que o cardápio "raiz" , "tradicional" era melhor do que que da Osteria Francescana, de Massimo Bottura...sim a comparação surgiu durante a desgustação do que o premiadíssimo chef italiano. Ok! O mundo está errado e os italianos sempre estão certo...isso a gente já sabe...mas comparar alhos com bugalhos definitivamente não dá. 

Um segue a tradição secular da família Degoli. Outro, pegou a mesma base e inovou completamente na forma de fazer e servir.  Mas fomos lá tirar a prova dos nove. Já adianto que se tiver de escolher qual eu repetiria, sem dúvidas, me ajoelho aos pés de Bottura para conseguir uma nova reserva :)

Experimentamos os dois menis degustação dedicados a Lina e a Arnaldo, os fundadores, cujo o negócio já é tocado hoje pelos netos.

O nome tem uma curiosidade: os médicos de Modena frequentavam o lugar e o Arnaldo brincava que não havia melhor remédio do que seus carrinhos cheios de bollito, salames, queijos, legumes assados, etc.  As duas opções de menu começam com antepastos escolhidos no tal "carrinho", seguido de uma Spugnolata - lasanha típica pois seu recheio é de mortadela. Dali, eles se dividem: quem segue com Arnaldo fica com capeletti in brodo e o bollito e quem vai de Lina, com mais dois tipos de massa e um filé com purê e legumes. Para finalizar, um carrinho de sobremesas cheio de doces que a nossa nonna fazia: zambione, pera com mascarpone, semifreddo e por ai afora.

Os produtos frescos, o atendimento simpático e a "comfort food" vale a visita se estiver de passagem....mas não desvie se seu destino for Modena :)










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