Marrakesch era um destino
longe, muito longe de qualquer plano. Quando apareceu o convite para comemorar
o aniversário de um amigo do meu marido na Páscoa por lá, até pensei em
desistir. Mas, nós não costumamos dizer não para a vida e voilà. Trinta horas de
viagem – fizemos um voo Rio/Roma/Casablanca e os 210 km finais de carro –
chegamos direto para os quatro dias de festa. Vale lembrar que tem a opção de
apenas 9 horas com a Royal Air Maroc.
Coincidência ou
algoritmo, a cidade começou a aparecer na minha timeline. O ator britânico Idris
Elba casou com a modelo Sabrina Dhowre, com uma festança que durou três dias. O
colunista Bruno Astuto esteve por lá para acompanhar o desfile cruise da Dior.
Por fim, a crítica gastronômica, Luciana Fróes, escreveu uma matéria na Revista
Ela, no jornal O Globo, deste domingo
(28/04/2019) com dicas para curtir a cidade. Essas três referências apenas
confirmaram o que eu percebi o pouco tempo que estive lá: cada um tem uma
Marrakesch para si e isso claro, faz parte da sua magia.
Conhecida como a
"cidade vermelha" é uma das chamadas quatro cidades imperiais de
Marrocos (as outras são Fez, Mequinez e Rabate) e a que atrai mais turistas.
Sua arquitetura, cores, comida, dança e “liberdade” fazem da cidade uma
paisagem única que atende todos os gostos. A diversidade de seu povo e o grande
contraste social estão pelas ruas da Al Medina – a parte antiga da cidade e por
fora de seus muros.
Eu, particularmente, não
sofri nenhum tipo de olhar estranho pelas minhas roupas ocidentais e vi
mulheres vestidas de burka, apenas com o hijab, sem nenhum traço de costumes
mulçumanos. Os homens, na maioria, usam, uma espéice de kafkan que serve para
proteger do frio e calor.
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No souk, diferentemente
da colega Luciana Fróes, me diverti um bocado com a negociação com os
comerciantes. Falávamos qualquer língua e até arriscavam um português. Comprei
a mesma bolsa em 3 lugares diferentes, com 3 preços diferentes. Meu marido
chegava a ponto de sair da loja se não conseguia o preço que tinha na cabeça e
depois voltar para pegar a mercadoria. Não deixe de comprar as ervas e o o
famoso óleo de argan. Na Fátima Óleos, rola toda uma explicação de como é feito
e para que serve dependendo da essência com que se mistura. Tem ainda as
cerâmicas mais lindas que já na minha vida….cuidado só na hora de transporter.
O melhor é optar por levá-las como bagagem de mão.
A experiência na praça
Jemaa el-Fna é verdadeiramente antropológica. O nome significa algo semelhante
a "assembleia dos transgressores" ou "dos malfeitores" e
daí se pode ter uma ideia do que se encontra por lá. Tudo está à venda. Frutas,
comidas, tapetes, especiarias e as excentricidades: fotos com cobra, macaco,
henna nas mãos…até uma pescaria de garrafas de Coca-Cola a gente viu. Desde
1985, a praça está inscrita na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO e um dos
pontos altos é sentar em um dos bares com varanda para ver o por do sol: a Pedra do Arpoador de lá. Vale ressaltar que pela manhã, o local é um sossego – tipo ressaca do dia seguinte. Optamos
por algo, digamos, mais radical: sentar em um das barraquinhas e pedir
churrasquinhos, couscous e pão. Confesso que deu um nojinho bebar o
refrigerante da lata, mas como dizia Vicente Matheus “quem está na chuva é para
se queimar”. E sobrevivemos.
Aliás a comida é daquelas
de lamber os beiços. O prato típico é conhecido como tajine – que na verdade é
a forma de cozimento em cinzas quentes em um uma cerâmica com um format
particular e pode ser de carne de vaca, boi, frango com muitos vegetais e
temperados com muitas especiarias. No primeiro restaurant que fomos, o Palácio Dar Soukkar, comemos também o
famoso couscous que tem um molhinho delicioso. O lugar é um luxo só. Conhecido
como o Palácio do Açúcar, os sofas são de veludos, tapetes persas, pratarias e
lusters vermelhos belíssimos. Tem shows variados a noite toda e depois a parte
de for a, vira uma balada a ar livre. Marrakesch oferece inúmeros clubs como o Epicurien e o Theatro. Os dois
localizados no Casino de Marrakesch. Balada não falta para quem gosta, mas não
é minha praia.
A maior parte dos guias
sobre Marrakesch fala dos seus hotéis luxuosos e na possibilidade de se
hospedar em um riad – palacetes originais com quartos voltados para jardins e
piscine com uma decoração de cair o queijo. Nós ficamos em uma casa fora da Al Medina,
em um bairro mais novo – o Palmeraie - um espécie de oasis cercado por palmeiras e
camelôs para passeios e meio a condomínios de casas luxuosas e resort. O ClubMed fica lá - na parte mais nordeste
da cidade.
Conhecemos dois hotéis: o La Maison Arabe que
fica dentro da cidade antiga e tem três restaurantes. Prefira o do lado da
piscina. E tem ainda um sala de jazz para sumir um pouco do ritmo dos tambores.
O outro foi o Selman Criado pelo design Jacques Garcia, tem um
piscina de mais de 100 metros. Aos domingos, oferece um brunch que vai de
comida japonesa a grelhados de frutos do mar com um particular show de cavalos
árabes já que eles mantêm lá um estábulo com os mais premiados animais desta
raça. A grande parte dos hotéis tem day use e o oferecem spas para não hospédes. Aproveite para agendar um hammam, um ;banho árabe tradicion em que a limpeza é feita basicamente através do vapor e da esfoliação.
Um detalhe importante para acabar com o preconceito. A população predominante de Marrocos é berbere, nem árabe e nem africanos e estão lá desde o tempo neolítico. Essa mistura tem fascinado muita gente a conhecer este pedaço particular do mundo. Um deles foi o estilista francês Yves Saint Laurent que comprou uma casa lá e depois um jardim, o Majorelle, que merece um visita de pelo menos uma hora. O artista Jacques Majorelle plantou mai 3000 espécies botânicas em volta do seu ateliê que hoje, é um museu da cultura berbere. O azul majorelle é facilmente identificado entre as plantas e é muito bom saber das suas origens.
Um detalhe importante para acabar com o preconceito. A população predominante de Marrocos é berbere, nem árabe e nem africanos e estão lá desde o tempo neolítico. Essa mistura tem fascinado muita gente a conhecer este pedaço particular do mundo. Um deles foi o estilista francês Yves Saint Laurent que comprou uma casa lá e depois um jardim, o Majorelle, que merece um visita de pelo menos uma hora. O artista Jacques Majorelle plantou mai 3000 espécies botânicas em volta do seu ateliê que hoje, é um museu da cultura berbere. O azul majorelle é facilmente identificado entre as plantas e é muito bom saber das suas origens.
Marrakesch ainda abriga
o Jardins Menara, Agda e Cutubia, Além de palácios, mesquitas e museus que
ficarão para uma próxima visita. Quem sabe alguém mais me convida para um outro
aniversário por lá e mato a curiosidade de ver o restante da cidade. Por ora,
ficou o gostinho de querer mais.
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