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Tons de cinza

Quinta-feira, Dia de Ação de Graças, um sentimento de gratidão e de felicidade havia me invadido. Era um dia lindo de sol, a brisa na praia era suave, o trabalho tinha sido agradável, o jantar saboroso. Na sexta-feira, veio o reverso da moeda. Um dia nublado, vento de derrubar a roupa na varanda, não almocei e ainde perdi meu celular no hall do meu prédio. É engraçado que mesmo sendo aquele objeto que eu mais gostava - tinha até capinha rosa - era e continua sendo um objeto. Mesmo assim, uma certa melancolia tomou conta de mim. Pela desatenção e acima de tudo por quem pegou e não entregar na portaria. Fica uma insegurança e também um pouco de descrédito no que acredito ser um valor máximo do ser humano: a honestidade. Ter essa fé arranhada doí mais do que o prejuízo em si. Mesmo porque já estou com outro chip e outro aparelho que ganhei ( tá vendo como nem dá para reclamar????) . Mas hoje eu acordei com esse questão de dois dias tão diversos, refletidos inclusive no tempo. Sempre aprendi que para haver luz, tem de ter sombra. Se só se sabe que algo é doce depois de experimentar o amargo. Que só se o escuta o silêncio se deixar o barulho ir embora. O que eu gosto mesmo é que entre o preto e o branco existe um matiz de cinzas que tantas vezes ignoramos. Hoje, estou assim. Descobrindo os meus cinzas dentro de mim, enquanto tento restabelecer a conexão com o mundo lá fora com um novo celular.

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