Quer ver algo inédito, belo, inesperado e inesquecível? Pois bem, tem um tesouro da natureza logo ali no Maranhão. Os Lencóis tem 155 mil hectares, dos quais 90 mil são constituídos de dunas livres e lagoas com biomas de cerrado, caatinga e Amazônia além de uma costa oceânica belíssima, ou seja, tem para todos os gostos.
Um paraíso como este ainda é pouco explorado e não fácil de explorar. É o efeito Tostines. Se não fosse as dificuldades, a invasão dos turistas seria muito maior do que é hoje e poderia comprometer a preservação do Parque que é cuidado pelo ICMBio.
Com seu tamanho, os Lençóis acabam atingindo três municípios maranhenses: Barreirinhas, Santo Amaro e Primeira Cruz. A porta de entrada mais procurada é Barreirinhas que está a 260 km de São Luís. São pelo menos 4h de viagem, se não pegar trânsito na estrada. Por isso, evite se possível os finais de semana e feriado para este traslado.
Em 1997, São Luís foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco o que ajudou a impulsionar o turismo da região, mas sem aeroporto local, os visitantes acabam fazendo essa dobradinha. Para chegar voando a Barreirinhas, há apenas as opções de aviões de pequeno porte e helicóptero.
Para hospedagem, vale antecipar com antecedência pois são poucas as opções. Tivemos que dividir nossa estadia em dois, ambos longe do centro. O primeiro foi Ecopousada Portas da Amazônia. De difícil acesso - só chega lá com carro 4 x 4 os quartos são do estilo palafita decorados com bom gosto. No feriado de 7 de setembro, tiveram problemas nas reservas e atendimento. Virou um pequeno caos com os outros hóspedes. Nós ficamos bem, só não tendo o quarto arrumado, mas os problemas que ouvimos foram muitos. Portanto, vale a pena checar se a gerência mudou, caso seja sua escolha.
Acomodados, é hora dos passeios. Um guia é obrigatório para acompanhar qualquer que for a escolha e um carro 4x 4 é o transporte mais indicado. Se puder, prefira os transfers privativos. Assim dá para atravessar o rio de balsa em horários menos concorridos, evitando as longas filas da balsa e chegar aos circuitos em horários diferentes dos grupos.
Para se ter uma ideia desta vantagem, logo na tarde do primeiro dia, nosso destino foi a Lagoa Bonita. O guia Antônio, proprietário da Levada Turismo, que nos acompanhou dois dias e eu super recomendo ( +55 98 8867-5574/ levadaturismo@gmail.com), para agilizar atravessou o carro primeiro e fomos direto na balsa sem pegar fila. Na volta, saímos, também, antes de todo os outros e esperamos apenas 2 carros. O trajeto até a subida da duna leva cerca de 50 minutos em um trilha bem sacolejante. Chegando lá, prepare seu físico para subir com apenas a ajuda de uma corda, os 80 metros de altura de areia fina. O visual compensa todo o esforço. Passeie pelas 5 lagoas do complexo e volte para acompanhar o pôr do sol deslumbrante antes de descer. Lembrando que o ditado aqui que na descida todo Santo ajuda é pura verdade.No dia seguinte, o roteiro foi em Atins, um povoado com 800 habitantes bem poliglota - a região atrai estrangeiros de todo o mundo com sua beleza particular. Localizado à beira-mar, entre o Rio Preguiças, a praia e as dunas repletas de lagoas, as paisagens vão mudando a cada parte do trajeto e revelando uma diversidade única. A primeira parada é a a praia do povoado de Atins, onde é possível ver a foz do Rio Formiga e o encontro com o mar, porto de quem vai de voadeira (barcos que saem de Barreirinhas e levam uma hora até chegar lá). Mais adiante tem uma paradinha com bares e escolas de kitesurfing que dá para fazer o primeiro mergulho.
Depois, siga para o almoço. No Canto de Atins, tem dois restaurantes, um do lado do outro, disputam clientes e reviews no Trip Advisor como o melhor camarão do Brasil. Luzia e Antônio são irmãos e concorrentes. Antônio estava lotado e tivemos de almoçar no quintal junto aos guias. Para relaxar, um banho de mar na pontinha da região onde a praia ganha novos contornos, forma piscininhas e as dunas tomam conta da paisagem. Para finalizar, uma visita à Lagoa da Capivara, onde o banho de água doce prepara o corpo para a viagem de volta. Quem procura luxo, Atins tem uma opção de hospedagem: La Ferme de Georges que está atraindo as influencers de todo o Brasil.
No segundo dia, optamos em ir até Tutóia para fazer um passeio de barco no Delta do Parnaíba que está localizado entre os estados do Maranhão e Piauí. O geografia é a mesma encontrada no Rio Nilo, na África, por exemplo. São cinco saídas para o mar, também chamadas de fozes ou barras, que formam um grande santuário ecológico. Os dedos representam Barra da Melancieira, Barra das Canárias, Barra do Igaraçu, Barra do Caju e Barra de Tutoia. Esses locais se ramificam e compõem um santuário ecológico. São mais de setenta, como as Ilhas Cajueiro, Melancieiro (Carrapato), Igoronhon, Grande, Pombas, José Correia, Caieira, Papagaio, entre outras.
O passeio inclui ainda passagem por “cemitérios de navios”, embarcações cargueiras que encalharam em bancos areia nas baías da região, como de Melancieira; passagem por florestas de igarapés; cata de caranguejos nos mangues; além de paradas em praias de águas quentes para deliciosos banhos em águas na Baía de Tutoia, chamada “proa do pé do mar”. Na Ilha do Caju, a 2ª maior ilha do Delta, com 25% da sua área formada por dunas, vale a pena subir no topo de uma duna e avistar toda a grandiosidade do Oceano Atlântico.
Mas o must have da visita é a apreciação do sobrevoo dos Guarás. Os pássaros, ao cair da tarde, se juntam para dormir deixando as árvores tingindo de vermelho de suas asas. Uma imagem inesquecível! Para quem prefere ficar pelo Lençóis, a ideia é conhecer Santo Amaro, que tem uma estrada asfaltada e acesso as lagoas são mais simples.
No nosso último dia, fomos apreciar as dunas e lagoas por cima. Pegamos um aviõezinho e por 30 minutos nos deslumbramos ainda mais. São dois circutos disponíveis: só a área das lagoas ou lagoas + Rio Preguiças + Caburé (praia). Um terceiro circuito, unindo os dois percursos, dura 45 minutos. Em seguida, pegamos um quadriciclo e fomos de Barreirinhas até a praia de Caburé, que fica entre o rio Preguiças e o mar. No caminho, passamos por lagoas conhecidas como Pequenos Lençóis (não tão cristalinas quanto as do Parque Nacional) e por uma das usinas de energia eólica. É um passeio bem cansativo, mas nada que não dê vontade de fazer tudo de novo outra vez :)
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